Mercados

Empresas devem lucrar mais em 2022 apesar da piora macro, avalia BTG

Apesar da piora das projeções para a economia, a perspectiva segue positiva para o desempenho das empresas brasileiras em 2022, com destaque para os setores bancário, varejista e de energia e saneamento, avalia a equipe do banco BTG Pactual.

Nos últimos meses, as projeções para o desempenho da economia brasileira têm se deteriorado rapidamente, refletindo a antecipação do clima eleitoral, a persistência da inflação e a delicada situação das contas públicas do País. A inflação elevada vem demandando uma reposta mais incisiva do Banco Central (BC), na forma de elevação da taxa Selic. Atualmente, a expectativa é de que a taxa chegue a 11,75% ao ano em 2022, muito acima do que era projetado no primeiro semestre deste ano.

Com juros mais altos, a expectativa é de atividade econômica menos intensa, e, consequentemente, de um crescimento mais tímido do Produto Interno Bruto (PIB). Por outro lado, com a vacinação contra a Covid-19 em estágio avançado, o mercado projeta um cenário de retomada dos setores que mais foram prejudicados pela pandemia.

Setores que devem crescer

Os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi, do BTG, elevaram suas projeções de ganhos para as companhias mais ligadas à economia doméstica, com perspectiva de aumento de 9,4% dos lucros desse setor. Dentre essas, destacam-se os bancos, as varejistas e as empresas do setor de energia e saneamento (utilities).

Para os bancos, a estimativa é de lucros 10,9% maiores em 2022 em comparação com este ano. O BTG estima que os bancos devem registrar lucros de R$ 87,3 bilhões neste ano, e R$ 96,9 bilhões no próximo ano. Os analistas projetam um aumento do spread bancário com a alta da taxa Selic, além da redução do provisionamento para cobrir potenciais perdas com devedores duvidosos.

Com o momento mais crítico da pandemia deixado para trás, os analistas estimam que o varejo deve apresentar lucros 46,1% mais altos em 2022 em comparação com 2021. O principal motivo para essa projeção é a recuperação da demanda mais rápida do que o esperado. Fusões e aquisições conduzidas por grandes companhias do setor também contribuem para a visão positiva.

Já o setor de utilities, que engloba serviços essenciais, como energia elétrica e saneamento, entra em 2022 com a missão de se recuperar de um ano difícil, marcado pela crise hídrica que assolou o País e encareceu as tarifas de energia. O time do BTG projeta que o lucro das companhias desse setor deve crescer 14,4% no próximo ano, em comparação com 2021, impulsionado pela retomada da produção de energia hidrelétrica.

Setores que devem reportar resultados mais fracos

Por outro lado, os analistas vislumbram um cenário mais pessimista para os setores de mineração e siderurgia, alimentos e bebidas e óleo e gás.

As mineradoras e as siderúrgicas devem ter seus resultados prejudicados pelos preços mais baixos do minério de ferro. A crise do setor imobiliário chinês e a adoção de metas ambientais que implicam a redução da produção de aço na segunda maior economia devem contribuir para manter os preços do minério de ferro em patamares mais baixos. Diante desse cenário, o BTG espera que os lucros do setor caiam 30,4% em 2022 na comparação anual.

No setor de alimentos e bebidas, o destaque negativo vai para a expectativa pela normalização da margem de lucro das empresas de proteína animal com atuação no segmento de carne bovina nos Estados Unidos, dentre as quais se destacam Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3). Os analistas estimam que os lucros do setor devem cair 29% no próximo ano, em comparação com 2021.

Por fim, o setor de óleo e gás também deve reportar lucros menores em 2022, mas ainda bastante expressivos. O mercado espera que o preço do petróleo tipo Brent se mantenha em patamares elevados, mesmo passando por correções, uma vez que a retomada da atividade econômica global deve aumentar a demanda por combustíveis, beneficiando as produtoras da commodity, especialmente a Petrobras (PETR4).

Entretanto, a indústria petroquímica deve passar por um período de normalização dos lucros, merecendo atenção especial a desaceleração dos resultados da Braskem (BRKM5). Sendo assim, a equipe do BTG estima uma queda de 5,9% dos lucros das empresas do setor.

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João Marinho

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