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Precatórios, Ômicron, Fed e Copom: os desafios para a Bolsa em dezembro

Com a agenda política esvaziada após a tramitação da PEC, o exterior deve ditar os rumos do mercado (Foto: Ahmad Ardity/Pixabay)

Com a tramitação da PEC dos Precatórios no Congresso próxima de um desfecho, o mercado brasileiro deve voltar suas atenções para o exterior no mês de dezembro, de olho na política monetária americana, na disseminação da variante Ômicron do coronavírus pelo planeta e no comportamento dos preços das commodities.

Na visão de analistas e gestores, o cenário político brasileiro deve se acalmar após a votação do projeto que prevê o parcelamento das dívidas judiciais da União e altera a regra de cálculo do teto de gastos, uma vez que os demais temas, dentre os quais a reforma do Imposto de Renda, a reforma administrativa e a agenda de privatizações, devem ficar para 2022.

Sendo assim, os principais pontos de atenção para o último mês do ano passam a ser o futuro da política monetária dos Estados Unidos, diante das declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, sinalizando que a instituição deve adotar uma postura mais incisiva no combate à inflação; o monitoramento da Ômicron, para tentar compreender quais os verdadeiros riscos associados a essa nova variante; e as oscilações dos preços do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional.

Esses fatores, segundo Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, tornam a recuperação técnica da Bolsa brasileira ainda dependente do humor internacional.

Brasil

No cenário doméstico, investidores esperam ainda pela última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2021, prevista para os dias 7 e 8 de dezembro, com expectativa por uma nova elevação de 1,5 ponto percentual da taxa Selic, a 9,25% ao ano. Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, destaca que o Copom não deve mudar a postura, mesmo com as projeções indicando que a inflação deve chegar no limite da meta no ano de 2022.

“Outro ponto de destaque foi que o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para permitir que o governo federal implante, a partir de 2022, um programa de renda básica para brasileiros em situação de pobreza e extrema pobreza. Com isso, a decisão também viabiliza a ampliação do Auxílio Brasil em ano de eleição”, complementa.

Marco Tulli, superintendente de Mesas de Operações da Necton, observa que o momento é atrativo para o investimento em renda fixa, uma vez que há muitos ativos oferecendo taxas mais elevadas, que chegam a 12% ao ano. Ainda assim, Tulli avalia que há espaço para uma pequena melhora do Ibovespa, já que há empresas de qualidade muito descontadas na Bolsa.

Fed, tapering e juros

Em novembro, o Fed iniciou o processo de redução de compra de ativos, conhecido como tapering, e também condicionou o início da alta dos juros à retomada do emprego. Tendo em vista a alta persistente da inflação global e a geração de empregos mais rápida do que o esperado nos Estados Unidos, cresce a expectativa pela antecipação do ínicio da alta dos juros, o que deve tornar o cenário mais desafiador para os mercados emergentes.

Para o economista Daniel Xavier Francisco, do Banco ABC Brasil, “a possibilidade de o Fed acelerar o ritmo do tapering e iniciar o ciclo de ajuste de juros já no primeiro semestre de 2022 pode contribuir para um comportamento mais comedido do índice acionário brasileiro, ao menos nesse período”.

Variante Ômicron

No final de novembro, enquanto a Bolsa brasileira tentava se recuperar das quedas provocadas por ruídos políticos, foi identificada uma nova variante do coronavírus na África do Sul, a Ômicron. Ainda se sabe pouco sobre essa cepa, mas o fato é que ela fez com que bolsas de valores de todo o planeta registrassem perdas nos últimos dias de novembro, com destaque para as quedas expressivas de ações de empresas ligadas à aviação e ao turismo.

“No curto prazo a nova variante certamente pode afetar os preços dos ativos, sobretudo em empresas dependentes de deslocamento (como companhias de viagens, aéreas e hotéis) ou empresas de commodities (como petroleiras)”, conforme avalia a FCL Capital.

Para Daniel Francisco Xavier, os agentes econômicos aprenderam a contornar as restrições de mobilidade de modo a preservar um nível de atividade similar ao de antes da pandemia, o que faz com que o surgimento de novas variantes da doença, mesmo que preocupantes, não causem o mesmo pânico de antes.

Em tom de cautela, Régis Chinchila acredita ser necessário aguardar mais alguns dias até que sejam coletadas informações concretas sobre a taxa de transmissão e letalidade dessa variante, além de sua resistência às vacinas disponíveis atualmente. Ainda assim, o analista vê os players globais mais preparados para esse enfrentamento.

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