Os juros futuros começaram dezembro sem firmar direção única, como tem sido a tônica dos últimos dias, em meio às incertezas sobre os efeitos da variante Ômicron na economia global e consequente resposta das autoridades monetárias e, internamente, à espera do desfecho da tramitação da PEC dos Precatórios no Senado. No fechamento, as taxas curtas estavam em baixa e as longas, com viés de alta. Este trecho passou por uma realização parcial dos lucros após a queda firme nas três sessões anteriores, iniciada no começo da tarde, mas que perdeu ímpeto com a reação dos ativos globais à confirmação do primeiro caso da cepa Ômicron nos Estados Unidos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 11,82%, de 11,886% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 ficou estável em 11,49%. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,383% para 11,42%. No fechamento da sessão estendida, estes DIs tinham respectivas taxas de 11,78%, 11,49% e 11,44%.
“O mercado está um pouco observador com a questão da PEC e sabatina de André Mendonça no Senado. No front externo, ainda não está claro se a questão da ômicron terá efeito desinflacionário pela menor mobilidade das pessoas e novas restrições de atividade”, afirmou o analista de Investimentos Renan Sujii.
A votação da PEC dos Precatórios no plenário estava prevista para hoje no plenário do Senado, mas a sabatina do ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado para compor o Supremo Tribunal Federal, e as difíceis negociações dos ajustes ao texto colocavam em risco a apreciação, que acabou ficando para amanhã. A indicação de Mendonça foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 18 a 9 e a votação em plenário pode ocorrer ainda hoje.
Em boa medida, a aprovação da PEC está precificada e um revés do governo tem potencial para fazer estragos nos ativos. “O placar segue incerto, com pequena vantagem para o governo pela aprovação”, afirma a equipe da Necton Política.
Segundo o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, a curva passou hoje por um movimento de correção dos últimos dias, “após os temores da Ômicron sobre atividade e ativos”. O comportamento dos mercados internacionais contribuiu para o ajuste, em especial o do petróleo, que mostrou avanço em boa parte da sessão, mas ainda sem voltar a US$ 70, e no fim acabou virando para o negativo.
A chance de um alívio nos combustíveis tem contribuído para a visão de um Copom menos agressivo no ciclo de aperto monetário, com a probabilidade de uma alta de 2 pontos porcentuais na Selic no encontro da próxima semana já enfraquecida. “O mercado está consolidando 150 pontos, especialmente nas digitais”, comentou o economista da Greenbay.
No fim da tarde, houve uma piora de humor generalizada nos mercados internacionais e o rendimento da T-Note de dez anos inverteu o sinal para queda, o que tirou fôlego de correção dos DIs longos. O gatilho foi a confirmação do primeiro caso da cepa ômicron nos Estados Unidos. A variante já está presente em mais de 20 países, incluindo o Brasil com três casos confirmados em São Paulo.
Por Denise Abarca
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