Mercados

Aversão a risco global contamina Bolsa brasileira

A piora de humor dos mercados internacionais nesta terça-feira, após o respiro da véspera, contamina o Ibovespa, que cai para a faixa dos 102 mil pontos, após a alta de 0,58% da véspera (102.814,03 pontos). Com isso, já amarga queda de 1,18% em novembro, indo para o quinto mês seguido de desvalorização. Alerta da Moderna sobre a possibilidade de eficácia reduzida das suas vacinas conta a variante Ômicron deixa investidores na defensiva no mundo todo, o que não é diferente aqui.

Para completar, há questões específicas internas que podem reforçar o sentimento negativo dos mercados ou aliviá-lo, a depender do andamento da votação da PEC dos Precatórios na CCJ e depois no plenário do Senado. “Se não passar a PEC dos Precatórios, será muito negativo para os mercados”, avalia Vitor Miziara, da Critéria. “A única certeza por enquanto é a volatilidade”, diz.

Conforme Celso Fonseca, sócio e head de renda variável da Venice Investimentos, a aprovação da PEC dos Precatórios na CCJ já estaria no preço. Segundo ele, o que poderia dar algum alívio seria a aprovação no plenário do Senado nos próximos dias. “Lá, deve ser a grande dificuldade”, diz.

“O dia é majoritariamente de aversão a risco”, simplifica o economista Carlos Lopes, do BV, ao referir-se às preocupações crescentes de investidores com o avanço da pandemia de covid-19 no mundo após a descoberta da Ômicron e para a qual a Moderna alerta que o vírus tem muitas mutações que a produção de novos imunizantes não seria tão rápida. “E isso assusta os mercados”, completa Lopes, em comentário a clientes e à imprensa.

As bolsas da Europa caem acima de 1%, mesmo após crescimento do PIB em alguns países europeus e o PMI Industrial da China, assim como a maioria dos índices futuros de ações americanos, enquanto petróleo cede mais de 2,50%. O minério de ferro à vista, no porto chinês de Qindgao, fechou em baixa de 0,85%, a US$ 102,39 a tonelada. Os papéis da Vale reduziam a queda a 0,03% há pouco.

A despeito do recuo do petróleo no exterior, as ações da Petrobras se equilibram com o noticiário sobre a petrolífera, como a confirmação de pagamento de dividendos. A estatal assinou contratos com a SBM Offshore para afretamento e prestação de serviços do FPSO Alexandre de Gusmão e o início da fase vinculante para venda integral de sua participação no Campo de Catuá, pertencente ao Bloco Exploratório BC-60, localizado na Bacia de Campos, no Espírito Santo. As ações cediam 0,61% (PN) e 0,56% (ON).

Em meio a este cenário incerto, o mercado ficará atento às palavras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, e da secretária do Tesouro do país, Janet Yellen, ao meio-dia, no Senado. O tema a ser abordado pelo dirigente do Fed foi antecipado ontem, quando Powell afirmou que os recentes desenrolares da pandemia podem apresentar riscos à economia americana.

“Está dizendo que segue preocupado com a nova cepa, que pode contaminar o emprego e a atividade. As palavras podem trazer alívio se o mercado interpretá-las como indicativo de atraso na alta dos juros americanos”, avalia Fonseca, da Venice Investimentos.

Para Miziara, o alerta da Moderna pode ser mais uma justifica para uma realização nos mercados de ações, especialmente nos Estados Unidos. Por ora, cita, o consenso dos médicos e especialistas é de que a nova variante não deve preocupar tanto. Além disso, lembra que a agenda de indicadores desta semana lá fora também está repleta de dados, o que fortalece a cautela.

No Brasil, além do foco no debate sobre a PEC dos Precatórios, o investidor acompanhará a participação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em eventos, ainda mais em dia de divulgação de dados de atividade. Há pouco, saiu a taxa de desemprego pela Pnad Continua no trimestre até setembro. O dado ficou em 12,6%, vindo um pouco acima do piso de 12,5% e levemente abaixo da mediana de 12,7% das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, cujo teto era 13,3%. À tarde, será informado o Caged de outubro.

Às 10h47, o Ibovespa cedia 0,28%, aos 102.525,44 pontos, ante mínima diária aos 102.012,78 pontos e máxima aos 102.814,03 pontos.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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