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Presidente da Vale diz que minério de ferro vive ‘ruído de curto prazo’ na China

O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o mercado de minério de ferro vive um “ruído de curto prazo” na China, mas que deve ficar “mais ou menos equilibrado” a partir do segundo trimestre do ano que vem, após a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, marcados para fevereiro de 2022.

O executivo lembrou que a China começou o ano com crescimento econômico acelerado. Dados do Escritório Nacional de Estatística da China indicaram um avanço de 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês no primeiro trimestre de 2021 ante igual período de 2020, o ritmo mais acelerado desde o início da série histórica disponível.

“A China deliberadamente segurou o crescimento para não superaquecer a economia, para bater meta de energia e de controle de poluição. Acho que o mercado vai continuar assim até a Olimpíada”, disse Bartolomeo. “Não vemos a China com crescimento negativo no ano que vem, produzindo menos de 1 bilhão de toneladas de aço em 2022. Seria um pouso forçado que a gente não vê”.

Na sexta-feira, o minério com teor de 62% de ferro era negociado a US$ 96,67 no porto de Qingdao, na China. O valor é menos da metade dos US$ 237,57 que chegou a valer no porto chinês em maio deste ano, quando atingiu suas máximas históricas.

O presidente da Vale disse que o gigante asiático quer levar para centros urbanos mais de 400 milhões de pessoas, o que vai demandar investimentos em infraestrutura, aço e, consequentemente, minério. Para ele, Pequim também tem condições de criar, quando desejar, programas de afrouxamento monetário (quantitative easing, em inglês).

“Para a China, a estabilidade é fundamental. Eles não queriam um superaquecimento neste ano agora. Chegaram a produzir aço, em ritmo anualizado, de 1,2 bilhão de toneladas. Então, é um ruído de curto prazo, que achamos que vai passar”, afirmou Bartolomeo, que está em Nova York para o Vale Day, encontro da empresa com analistas na Bolsa de Nova York.

Ele disse que o mercado passou por um momento de menor demanda, mas também de menor oferta, por causa do período de chuvas na Austrália e no Brasil. O executivo acrescentou que o restante do mundo segue crescendo, como a Índia, o Brasil e os Estados Unidos, citando o projeto de infraestrutura de US$ 1 trilhão sancionado pelo presidente dos EUA, Joe Biden.

Para o executivo, o grande ano da Vale será 2023, quando a companhia terá retomado uma série de operações de minério, com mais barragens descaracterizadas e uma melhor cultura de transformação. Bartolomeo acredita que a companhia tem conseguido avançar na agenda adotada após Brumadinho. “É algo contínuo, não termina nunca, mas a parte mais complexa, mais dura, acreditamos que passamos”, disse o executivo.

Por Bruno Villas Bôas

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Estadão Conteúdo

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