Mercados

Juros: Taxas caem com mercado de olho na PEC e melhora de apetite ao risco global

Os juros futuros fecharam em queda, após uma sessão de volatilidade, em que alternaram altas e baixas ao sabor do noticiário e da agenda de indicadores. O efeito da melhora da perspectiva sobre os impactos da variante Ômicron na economia global e do IGP-M abaixo do esperado acabou sendo contrabalançado ao longo da sessão pela piora do câmbio, alta do petróleo e receios com a área fiscal, com o investidor acompanhando as informações sobre a PEC dos Precatórios. No fim da etapa regular, no entanto, firmaram-se em baixa e renovaram mínimas após declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), consideradas positivas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,88% (regular e estendida), de 11,916% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,735% para 11,59% (regular e estendida). A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,57% (regular) e 11,55% (estendida), de 11,713%.

A aversão ao risco vista na sexta foi considerada “exagerada”, dado que as informações sobre a nova cepa ainda eram bastante incipientes. Na avaliação dos especialistas, a nova variante tem elevado potencial de transmissão, mas baixa letalidade, o que encorajou os players. Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o risco global da Ômicron é “muito alto”, dadas as possibilidades de que escape à proteção das vacinas disponíveis. “Enquanto o mundo todo não estiver vacinado, as variantes vão surgir”, diz o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, para quem, contudo, a evolução da pandemia tira do horizonte a chance de um choque de juros no Brasil.

As taxas abriram em baixa, na esteira do IGP-M de novembro aquém do esperado, da queda do dólar e da melhora do apetite por risco lá fora. A inflação medida pelo índice, de 0,02%, teve forte desaceleração ante outubro (0,64%) e ficou abaixo do piso das estimativas do mercado, de 0,15%. Outro vetor da abertura foi a pesquisa Focus, que, como esperado, mostrou avanço nas estimativas de IPCA no curto prazo – em 2021 subiu a 10,15% e a de 2022, a 5%, no teto da meta para o ano que vem. O recuo das taxas, porém, perdeu força ainda pela manhã, com a virada do dólar para cima e notícias negativas do lado fiscal – o ministro Luís Roberto Barroso, do STF liberou estados e municípios que aderirem ao Regime de Recuperação Fiscal a realizar concurso para preenchimento de cargos vagos na administração pública.

Pouco antes do fechamento da etapa regular, o noticiário fiscal voltou, na avaliação dos players, a melhorar, abrindo espaço para devolução dos prêmios. O movimento foi atribuído à fala de Pacheco, que defendeu os pontos centrais do governo na PEC dos precatórios e disse não ver outra solução para abrir espaço ao Auxílio Brasil no próximo ano que não seja o limite ao pagamento destas dívidas judiciais. Ele previu que o texto deve ser votado pelo plenário da Casa na quinta-feira caso seja aprovado amanhã na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Para Xavier, dado o temor do mercado com a possibilidade de volta do estado de calamidade, qualquer notícia que sinalize para a votação da PEC tende a agradar ao mercado. “Se falam que vão botar para votar, é porque alguma segurança devem ter, então gera uma expectativa positiva”, afirmou. O Executivo, porém, ainda está buscando votos para consolidar o placar necessário, de 49 votos favoráveis no plenário.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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