Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Com a inflação em doze meses em dois dígitos e o pagamento de um novo programa social, chamado de Auxílio Brasil, para substituir o Bolsa Família, a expectativa é que um reajuste fiscal para diminuir o déficit nas contas públicas ocorra apenas em 2023, após as eleições. A avaliação é dos economistas Paulo Miguel e Samuel Pessôa, diretores e sócios do Julius Baer Family Office. A revisão dos indicadores do grupo suíço aponta para um crescimento da economia brasileira de 1% em 2022, inflação em 6%, Selic em 10,5% e câmbio acima de R$6 para o dólar. “O ciclo de alta de juros, sob uma dívida publica elevada, aumenta ainda mais a preocupação sobre a capacidade de pagamento do governo”, avalia Pessôa.
Segundo ele, que classificou a reforma do IR como “um horror” e a PEC dos Precatórios como “pior do que imaginava”, a agenda do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não é de aumentar a eficiência econômica e de fazer o país crescer. Para o economista, qualquer reforma neste momento “é só árvore de Natal para grupo de interesses particulares”. Sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência ano que vem, Pessôa diz que há razão para a desconfiança do mercado, mas que não seria a primeira vez, se eleito. O ex-presidente poderia construir essa confiança com atitudes de um bom governo que levem à responsabilidade fiscal e à estabilidade macroeconômica.
O ano que vem tende a ser de desaceleração no crescimento agregado mundial, com taxas mais próximas dos níveis estruturais. Além disso, a política fiscal americana deve ser menos expansionista, o que sugere uma acomodação da demanda. Por outro lado, a transformação verde causa impacto nos preços de produtos relacionados. No cenário doméstico, a inflação é afetada pela incerteza em torno do orçamento, pela percepção de risco, aumentando o dólar, e por choques adicionais, como a crise hídrica.
Para Paulo Miguel, com a mudança na expectativa de taxa de juros em poucas semanas e o detrimento da situação fiscal, a avaliação é de que o Banco Central terá mais trabalho para inverter a trajetória de inflação no ano que vem. “Nos últimos dois meses, a gente viu mais ênfase em elementos mais inerciais da inflação. Isso contaminou muito as expectativas para o ano que vem e começa a contaminar para 2023”, afirma o economista.
Com todas as dificuldades, Pessôa acredita haver na sociedade um consenso de que não pode haver inflação. A aposta é que, independente do presidente eleito, o primeiro ano de mandato deve ser de retomada das políticas de reajuste fiscal.
Com aprovação em primeiro turno na Câmara, a PEC dos Precatórios abriria um espaço fiscal para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400. Na opinião dos economistas, a expectativa era de que houvesse um gasto além do teto ou expansão do auxílio emergencial devido à pandemia. Mas, para Pessôa, o resultado com a PEC joga o problema para 2023. “O que é um péssimo sinal e mostra nenhuma preocupação com o futuro do país. Isso já fez com que os mercados precificassem”, completa.
Matéria originalmente publicada em Investing.com
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