Mercados

Ibovespa avança 1,28% na semana a 104.824 pontos

Com o desempenho positivo nesta sexta-feira, movido pelo apetite por risco desde o exterior, em que a forte leitura sobre a geração de empregos nos Estados Unidos conduziu os índices de Nova York a novas máximas históricas, o Ibovespa conseguiu acumular leve ganho de 1,28% nesta primeira semana de novembro, vindo de perdas de 2,63% e de 7,28% nas duas anteriores, da segunda quinzena de outubro. Nesta sexta, os descontos acumulados pela aversão ao risco fiscal doméstico permitiram repique de 1,37% na sessão, aos 104.824,23 pontos no fechamento, com a referência da B3 entre mínima de 103.412,09, da abertura, e máxima de 105.555,46 pontos. O giro ficou em R$ 35,5 bilhões e, no ano, o Ibovespa cede 11,93%.

O relativo sucesso do leilão de 5G, concluído nesta sexta-feira com receita de R$ 47,2 bilhões, contribuiu também para alguma melhora na percepção dos investidores. “No macro, o leilão foi um sucesso, superando a expectativa, mas quando a gente entra no detalhe, houve pontos não muito interessantes. Havia uma expectativa muito grande de melhora da concorrência, com 15 participantes, e dessas empresas, 10 não atuavam no segmento no Brasil. Mas os principais lotes ficaram com Claro, Vivo e TIM, as mesmas que já dominam o mercado atual”, diz Pablo Alencar, CFP e Head da Valor Investimentos, observando que as novas entrantes ficaram concentradas nas cidades com até 30 mil habitantes.

Como pano de fundo, prosseguem neste penúltimo mês de 2021 as mesmas questões que têm pautado o mercado desde meados do ano, a deterioração da trajetória fiscal, que descola o Ibovespa do bom momento visto no exterior, em particular Nova York, que volta a emendar sequência de máximas históricas. “Em relação ao S&P 500, o Ibovespa está com desempenho mais de 40% abaixo do visto por lá. Não é porque as ações estão baratas que o investidor necessariamente compra”, diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch.

“Hoje, a queda do dólar (-1,49%, a R$ 5,5227 no fechamento) ajudou especialmente as ações de varejo e as companhias aéreas, muito correlacionadas à perspectiva para juros e inflação. Até onde a inflação pode ir continua a ser fator decisivo para que haja uma mudança de chave para o investidor. Por enquanto, o que se vê é o governo comprando popularidade para 2022, disposto a gastar o que for preciso, da forma que se mostrar possível, com ou sem PEC (dos Precatórios), pensando na reeleição”, acrescenta Attuch.

“O ponto de inflexão virá para 2023, o que o próximo governo fará, sendo o atual ou não. Os próximos 12 meses serão difíceis, mas sempre pode haver um pequeno rali aqui ou ali, com base em algum desdobramento favorável, sem força para se sustentar”, diz. Attuch observa também que a curva de juros está precificando Selic a 12% para o ano que vem, e que as revisões sobre crescimento econômico prosseguem, tendendo para o mínimo ou mesmo para o negativo em 2022 nas avaliações de instituições financeiras, atualizadas com frequência e compiladas semanalmente pelo BC.

Apesar das incertezas domésticas, a expectativa de alta para as ações no curtíssimo prazo voltou a ser amplamente majoritária no Termômetro Broadcast Bolsa. Entre os participantes, a previsão de que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa teve 70% dos votos, contra 20% dos que esperam estabilidade e 10%, queda. Na pesquisa anterior, o quadro estava mais equilibrado, com 30% acreditando em alta para a atual semana; 40%, em variação neutra; e 30%, em perdas.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para PetroRio (+17,87%), após a empresa informar que os consórcios de que participa foram escolhidos para começar as negociações exclusivas dos termos finais de transação para o processo de desinvestimento dos campos de Albacora e Albacora Leste, conduzido pela Petrobras.

Também entre os maiores ganhos do dia, Magazine Luiza (+12,27%), Via (+10,79%), Azul (+8,27%) e Gol (+8,16%). Na face oposta do índice, Gerdau PN (-4,00%), Vale ON (-2,97%) e Metalúrgica Gerdau (-2,63%), com o setor de mineração e siderurgia reagindo ao ajuste no câmbio e nos preços do minério de ferro.

Por Luís Eduardo Leal. Colaboraram Luiza Laval e Elisa Calmon

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Estadão Conteúdo

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