O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central considerou ser mais agressivo com a alta da taxa de juros básica da economia, a Selic, do que sua decisão final no encontro de outubro, quando aumentou a taxa em 1,50 ponto porcentual, de 6,25% para 7,75%. A informação consta na ata do Copom de outubro, divulgada nesta quarta-feira.
O comitê ainda repetiu que “antevê outro ajuste da mesma magnitude” em dezembro, o que levaria a Selic a 9,25% ao ano, mas ponderou, como de costume, que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”. Isso vai depender, segundo o Copom, da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.
Conforme a ata, depois de o Copom concluir que o grau apropriado de aperto monetário é significativamente mais contracionista do que o considerado no cenário básico devido “aos desenvolvimentos no cenário fiscal”, o comitê fez a avaliação do ritmo apropriado de elevação dos juros. “O Comitê avaliou, inclusive, cenários com ritmos de ajuste maiores do que 1,50 ponto porcentual.”
O Copom decidiu, porém, que “trajetórias de aperto da política monetária com passos de 1,50 ponto porcentual, considerando taxas terminais diferentes, são consistentes, neste momento, com a convergência da inflação para a meta em 2022”, cujo centro é de 3,50%, com bandas de tolerância de 1,50 ponto porcentual para cima ou para baixo.
Hoje, o cenário básico do colegiado aponta para a inflação em 4,1% em 2022, com os juros variando de acordo com a pesquisa Focus, conforme a edição anterior à reunião da semana passada (8,75% no fim de 2021, chegando a 9,75% no fim do ciclo e terminando 2022 em 9,50%, com o fim de 2023 em 7%), e o câmbio partindo de R$ 5,60 e evoluindo pela Paridade do Poder de Compra (PPC).
O Copom esclareceu ainda que a avaliação sobre a trajetória da taxa de juros já considera uma assimetria maior no balanço de riscos causada pelos “questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal”, em referência às manobras propostas no teto de gastos para aumentar os gastos em 2022, ano eleitoral.
A análise sobre o risco fiscal, contudo, foi comedida. A indicação da ata é de que o BC não cravou ainda a perda da âncora fiscal. Segundo o comitê, com a manutenção dos marcos fiscais vigentes, “em particular o controle do crescimento dos gastos”, as projeções do Copom projetam trajetória cadente da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
“No entanto, surgiram, entre as reuniões do Comitê, questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual, resultando em elevação dos prêmios de risco. Esses questionamentos também elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas”, disse o Copom, na ata.
Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues
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