Mercados

Juros caem com correção de excessos e declarações do secretário do Tesouro

Os juros futuros fecharam o dia em queda, firmada ao longo do dia depois de elevada pressão na primeira hora de negócios. O movimento de correção de excessos que pautava a curva ganhou força no fim da sessão com declarações do novo secretário do Tesouro, Paulo Valle. No balanço do mês, a avaliação de que a política monetária terá de ser agressiva para recolocar a inflação na meta foi crescendo nas últimas semanas e, com isso, a curva fechou outubro com a inclinação praticamente zerada, tomando-se o miolo contra a ponta longa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 8,364%, de 8,417% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 12,416% para 12,13%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,20%, de 12,516% na quinta, e a do DI para janeiro de 2027 cedeu de 12,474% para 12,20%. O diferencial entre as taxas de janeiro de 2023 e janeiro de 2027 ficou nesta sexta em apenas 7 pontos-base, ante 150 pontos no fechamento de setembro.

O analista de Investimentos Renan Sujii afirma ter havido volatilidade intraday muito grande e que a amplitude do movimento nesta sexta de um DI como o de janeiro de 2023, cujo spread foi de quase 100 pontos entre a máxima e a mínima, dá a dimensão sobre como o mercado está perdido diante das incertezas fiscais e seus impactos sobre a Selic. “O mercado de juros está muito saturado, tendo de, a todo momento, ficar reprecificando mudanças no regime fiscal. Quando se tem muita coisa ruim embutida nos preços, qualquer fato positivo, por menor que seja, abre espaço para um ajuste”, afirmou.

Após terem subido mais de 40 pontos no começo do dia, refletindo ainda algumas zeragens de posições e reação negativa à fala crítica do presidente Jair Bolsonaro aos lucros da Petrobras na quinta à noite, o mercado passou a corrigir prêmios, com mínimas sendo atingidas na última hora da sessão regular. A aceleração da queda ocorreu após Paulo Valle afirmar que o órgão pode vir a atuar de maneira conjunta com o Banco Central em caso de necessidade, quando questionado sobre a inclinação da curva de juros após confirmação de mudanças na regra do teto de gastos, e em meio a um ciclo de alta da Selic. “O Tesouro tem uma mesa de operações e trabalha de maneira coordenada com o BC”, afirmou.

Funcionário de carreira do Tesouro, onde comandou por muito anos a área da dívida pública, Valle tem grande credibilidade junto ao mercado financeiro. “Ele sempre fez um bom trabalho e agora chegou chegando”, diz um gestor.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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