Mercados

Taxas de juros caem com correção de exageros nas apostas para o Copom

A curva de juros manteve o movimento de flattening visto nos últimos dias, mas nesta quarta-feira com as taxas todas em baixa, refletindo uma correção de exageros nas apostas mais agressivas para o Copom da noite desta quarta-feira, especialmente nos vértices curtos e intermediários. A curva limpou as de alta de até 2 pontos porcentuais da Selic e a de aumento de 1,75 ponto é levemente majoritária, com a de 1,5 ponto como alternativa. A percepção é de que a dose de aperto não precisaria ser tão expressiva se combinada a um comunicado hawkish o suficiente para sustentar a confiança do mercado de que o Banco Central será capaz de resgatar as projeções de inflação. Além da espera pelo Copom, agentes ficaram na expectativa pela PEC dos Precatórios ser votada ainda nesta quarta na Câmara.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou o dia em 11,51%, de 11,609% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,965% na terça para 11,90%. O DI para janeiro de 2022 passou de 8,552% para 8,422% e a do DI para janeiro de 2025, de 11,927% para 11,81%.

Para o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, alguns “calls”, de elevação de até 3 pontos, para a Selic estavam exagerados, na medida em que, segundo ele, não é a política monetária que está sendo questionada, e sim a fiscal. “Faz pouco sentido dar um choque de juros agora, pois não há desconfiança de que o BC não vá seguir no movimento de aperto, ainda que haja discordância sobre o ritmo”, afirmou.

Nos cálculos da Greenbay Investimentos, a curva precificava no período da tarde 165 pontos-base de avanço para a Selic nas reuniões de outubro e de dezembro, o que representa 60% de probabilidade de alta de 1,75 ponto e 40% de chance de aumento de 1,5 ponto.

É consenso entre os analistas que esta, que é uma das reuniões mais difíceis, exigirá um comunicado muito bem montado para limitar os efeitos negativos nos ativos, dada a elevada dispersão das apostas. “O desafio do BCB é manter seu plano de voo e isto está mais na comunicação do que na taxa em si. Se o BCB subir muito a taxa isso pode criar pânico, se subir pouco pode criar mais confusão. Uma equação que só pode ser resolvida dinamicamente, ou seja, via comunicação amarrando uma série de ajustes futuros ao anúncio de hoje”, comentou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Enquanto aguardavam o Copom, os agentes acompanhavam a movimentação em Brasília, com a PEC dos Precatórios no radar. Segundo apurou o Broadcast, os parlamentares querem R$ 16 bilhões em emendas de relator e R$ 5 bilhões para o fundo eleitoral, aproveitando a folga que será aberta no Orçamento de 2022 após mudanças na regra do teto de gastos. Nesta quarta, a movimentação foi em torno de um acordo que retire o precatório do Fundef do teto de gastos. O relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a “ideia é votar hoje de todo jeito”.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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