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Temor fiscal interno impede Ibovespa de seguir alta em NY

Nesta manhã, o Ibovespa cedia 2,11%, aos 112.012,72 pontos (Foto: Espaço B3/Divulgação)

Preocupações fiscais internas impedem o Ibovespa de seguir a moderada alta das bolsas de Nova York, onde investidores avaliam resultados corporativos fortes do terceiro trimestre. A piora na percepção dos investidores em relação ao cumprimento fiscal do País joga o Ibovespa para os 112 mil pontos, com recuo superior a 2%, fazendo com que o índice já compute perdas de mais de dois mil pontos em relação à abertura (114.422,23 pontos.

A queda na carteira é quase geral (perto de 10h30, apenas dois papéis subiam, com destaque para GetNet, 2,72%). Mesmo com leilão de dólar, a moeda continuar avançando, em torno de R$ 5,56, ajudando a pressionar os juros futuros, que têm altas firmes.

O temor de descumprimento do teto de gastos foi reforçado após a sinalização de que o governo tende a estender o auxilio emergencial até dezembro de 2022 no valor de R$ 400, sendo que R$ 100 ficariam fora do limite fiscal. Essa possibilidade entra na linha da contabilidade criativa e acaba com a regra fiscal como concebida, avalia o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Felipe Salto.

Para adequar as perdas previstas com o benefício às contas do País, a equipe econômica acertou com a ala política do governo Jair Bolsonaro a redução no rombo autorizado pela meta fiscal para 2022, para um déficit de cerca R$ 130 bilhões.

Apesar da forte pressão social e política para estender o programa, a equipe econômica tenta resistir, e prevê cerca de R$ 30 bilhões fora do limite para bancar auxílios até fim do ano que vem, conforme fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A Câmara, por sua vez, relativiza a importância do cumprimento das regras fiscais.

“Isso estressa os mercados. São pautas que vão se configurar pressão nas contas públicas. O investidor está muito atento ao fiscal, principalmente o institucional”, afirma Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.

Ao mesmo tempo, o relator da reforma do Imposto de Renda (IR) no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA), avisou lideranças que não tem prazo para dar parecer. O governo conta com a reforma do IR para destravar o lançamento do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

Na avaliação de Rafael Ribeiro, analista da Clear, a possibilidade de o relator descartar tributos de dividendos incomoda. “Era uma receita importante e se for confirmado, traz ainda mais pressão à saúde fiscal brasileira. Todo esse estresse deve a um movimento bem doméstico”, afirma.

“O noticiário político/fiscal segue negativo”, escreve em nota a MCM Consultores, ao referir-se aos temas mencionados acima, assim como “incerteza quanto ao futuro” do ministro da Economia, Paulo Guedes, entre outros. Além disso, a comissão especial da Câmara examina a PEC dos Precatórios.

Em meio ao avanço de preocupações com as contas públicas, o Banco Central (BC) surpreendeu ao anunciar na segunda-feira, após o fechamento do mercado, leilão de venda à vista de dólares. A última vez que o BC realizou operação deste tipo foi em 15 de março. Com isso, a moeda desacelerou a alta momentaneamente e moderadamente, mas depois voltou a acelerar.

Depois de subir mais cedo, o petróleo passou a cair no exterior, empurrando ainda mais as ações da Petrobras para o negativo, com perdas de 2,89% (PN) e de 2,42% (ON). Além disso, o minério de ferro voltou a fechar em queda (-0,23%), a US$ 124,04, na China. Os papéis da Vale cediam em torno de 1%, puxando o bloco de mineradoras e de siderúrgicas.

Até mesmo as ações da B3 caíam (-2,63%). A empresa anunciou a compra da Neoway Tecnologia Integrada Assessoria e Negócios, empresa de tecnologia especializada em big data analytics e inteligência artificial para negócios, por R$ 1,8 bilhão.

Às 10h45, o Ibovespa cedia 2,11%, aos 112.012,72 pontos, bem perto da mínima diária aos 112.010,78 pontos. Na máxima, marcou 114.422,23 pontos.

Por Maria Regina Silva

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