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Juros caem em reação ao IPCA e inclinação da curva fica estável na semana

Os juros terminaram a sexta-feira em queda firme, coroando uma semana de dados de inflação e atividade abaixo do esperado mas que acabaram não alterando a percepção sobre o ritmo de aperto da política monetária. A despeito da nova alta no rendimento dos Treasuries e do petróleo, as taxas devolveram prêmios e a curva fechou a semana com estabilidade no nível de inclinação. O IPCA de 1,16% em setembro divulgado nesta sexta, abaixo do consenso de 1,25%, e o alívio no câmbio foram apontados como os principais responsáveis pela trajetória de baixa na curva, além de ajustes técnicos de posições a partir do excesso de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 9,01%, de 9,20% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 encerrou simbolicamente abaixo dos dois dígitos, o que não ocorria desde o dia 23 de setembro. Terminou a 9,99%, de 10,205% na quinta. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 10,623% para 10,43%.

O diferencial entre os vencimentos de janeiro de 2027 e janeiro de 2023 ficou nesta sexta em 142 pontos, mesmo nível da última sexta-feira, e de 143 pontos na quinta. A semana foi marcada por resultados muito fracos da indústria e do varejo e, nesta dia 8, do IPCA, mas o cenário para a inflação nos próximos meses segue preocupante, sem dar espaço a apostas de alta menor que 1 ponto para a Selic. Por outro lado, o risco de aceleração também fica cada vez menor. Na curva a termo, a probabilidade de alta de 1 ponto para o Copom de outubro beira os 100%.

As taxas engataram movimento de queda logo cedo com a surpresa do IPCA, que embora tenha acelerado ante os 0,87% de agosto, ficou abaixo da mediana das previsões, algo que há meses não ocorria e permitiu o descarregamento de prêmios. “O mercado de juros sugere percepção de inflação mais benigna pelos participantes. Apesar da alta dos juros nos EUA, os DIs cederam em todos os vértices”, afirma o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, em relatório.

Como esperado, o IPCA de setembro foi a maior taxa para o mês desde 1994 e trouxe núcleos ainda rodando em patamares elevados. O IPCA em 12 meses chegou a 10,25%, cinco pontos porcentuais acima do teto da meta de 5,25% para 2021. Embora se espere alguma desaceleração nos próximos meses, a missão do Banco Central de recolocar as estimativas de inflação para 2022, que hoje estão acima de 4%, na meta de 3,5% segue árdua. Gonçalves destaca que, apesar do Copom insistir na alta da Selic como recurso para levar a inflação para a meta em 2022, “a chance de isso ocorrer é mínima”.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nesta sexta que as expectativas de inflação para 2021 subiram bastante e o quadro pode piorar com o reajuste dos preços da gasolina. Também nesta sexta, a Petrobras anunciou aumentos tanto para o combustível quanto para o gás de cozinha. “Tivemos muitas revisões de projeções de IPCA que podem estar criando inércia”, afirmou.

Os vencimentos mais longos da curva inicialmente acompanharam a reação dos Treasuries e do dólar ao payroll abaixo do esperado. A taxa da T-Note de 10 anos renovou mínimas após o relatório de emprego nos EUA. Mais tarde, o movimento se dissipou e o yield do papel passou a subir para a casa de 1,6%, mas os juros aqui se descolaram, continuando, no entanto, alinhados ao dólar que teve um dia de perdas ante moedas emergentes.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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