O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a condução da política econômica nacional. “Tenho falado com Paulo Guedes, não basta a economia, você tem que ter viés político”, afirmou o chefe do Executivo na cerimônia alusiva à 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP). Apesar disso, Bolsonaro garantiu que não vai interferir na Petrobras e ou congelar o preço dos combustíveis na canetada. “Não tenho poder sobre Petrobras”, disse. “Já tivemos experiência de congelamento no passado”.
As declarações vêm em meio à pressão do presidente por alguma medida que diminua o preço dos combustíveis, vilão da inflação, além das negociações pelo Auxílio Brasil, programa para substituir o Bolsa Família e tornar-se a vitrine eleitoral do governo nas eleições de 2022.
Com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Executivo quer alterar a incidência do ICMS sobre os combustíveis, mas enfrenta resistência de governadores. Nesta sexta, a Petrobras reajustou a gasolina e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, em 7,2%.
Apesar da insatisfação com a alta dos preços, Bolsonaro também garantiu que não haverá rompimento de contratos em seu governo. “Quando se fala em combustível, nós somos autossuficientes, mas por que esse preço atrelado ao dólar? Eu posso agora rasgar contratos? Como é que fica o Brasil perante o mundo?”, questionou.
O discurso do presidente em Campinas foi interrompido logo no início por gritos de “Fora Bolsonaro” e outras críticas ao governo. “Não vamos chegar ao nível deles. Sairei daqui imediatamente se ela manifestante me responder quanto é 7 vezes 8 ou raiz quadrada de quatro”, respondeu o presidente no microfone.
Ele reconheceu, porém, que a sua gestão tem falhas. “Em parte dá certo nosso governo, não vou falar que é tudo 100%”, afirmou. Em seguida, voltou a dizer que seu governo não tem corrupção. “Pode haver um dia, mas não vai ser por incentivo”, acrescentou, sem considerar as denúncias de irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19 expostas pela CPI da Pandemia.
A participação do chefe do Executivo para marcar investimentos do governo em ciência e tecnologia, especialmente em nióbio, uma retórica comum do presidente com sua base mais radicalizada, acontece no mesmo dia em que o Ministério da Economia diminuiu em 87%, de R$ 690 milhões para R$ 89,8 milhões, o encaminhamento de verbas para o setor neste ano via crédito suplementar. O pedido de corte foi revelado pela colunista Míriam Leitão, do jornal O Globo.
Por Eduardo Gayer
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