As mineradoras faturaram R$ 219,9 bilhões de janeiro a agosto deste ano no Brasil, 112% a mais do que no mesmo período do ano passado, mostram dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), durante a feira Exposibram, realizada em formato virtual. Em oito meses, a receita do setor já supera, desta forma, todo o faturamento de 2020 (103,7 bilhões).
Segundo o Ibram, o resultado reflete a valorização dos principais minerais ao longo do ano. O minério de ferro chegou a ser negociado acima de US$ 220 em julho de 2021 e, mesmo com a forte queda dos últimos meses, é negociado em outubro em nível próximo ao do mesmo período do ano passado, na faixa de US$ 120 a tonelada. Além da cotação, o faturamento também é ajudado pela alta do dólar.
Do faturamento total do setor, o minério de ferro é responsável por R$ 162 bilhões. O segundo principal produto é o ouro, com receita bruta de R$ 18 bilhões, seguido pelo cobre, com mais R$ 11 bilhões em faturamento.
Já a produção do setor cresceu 9% em toneladas de janeiro a agosto deste ano, na comparação ao mesmo período do ano passado, para 833 milhões de toneladas, segundo estimativa do Ibram. As exportações registraram aumento de 94% no período, elevando a participação do setor mineral no saldo comercial do país de 49% para 69%.
O Ibram avalia que a redução no preço do minério de ferro não abalou os resultados do setor nos últimos meses. “A demanda global por commodities minerais deve continuar em expansão, ou pelo menos estável”, avalia o instituto, em comunicado. Desta forma, a produção deverá se manter em crescimento, contribuindo para a recuperação da economia brasileira, acredita a entidade.
Projeções
As mineradoras que operam no País vão investir US$ 41 bilhões no período de 2021 a 2025, dos quais 47% já estão em fase de execução (US$ 19,4 bilhões), informou o Ibram. Em julho, o Ibram havia divulgado uma previsão menor de investimentos, de US$ 38 bilhões.
De acordo com o Ibram, os investimentos previstos dividem-se entre minério de ferro (US$ 13 bilhões); bauxita e fertilizantes (US$ 6,4 3 bilhões cada); cobre (US$ 1,7 bilhão); ouro (US$ 1,4 bilhão). Do montante total previsto, Minas Gerais ficará com a maior fatia: US$ 10,2 bilhões (25%). Na sequência aparecem os Estados da Bahia e do Pará, que receberão, cada um, cerca de US$ 7,3 bilhões em investimentos.
A agenda ESG (sigla em inglês para os aspectos ambiental, social e de governança) foi um fator de estímulo para os investimentos. “Agora, mais de US$ 6 bilhões são investimentos em execução para implantar projetos socioambientais, principalmente para reduzir emissões”, informou o instituto. “São investimentos em grandes projetos de ESG, complementares aos que as mineradoras já realizam em termos socioambientais”.
O aumento dos investimentos das mineradoras ocorre a despeito da queda do preço do minério de ferro no mercado internacional. A commodity terminou setembro cotada a US$ 119,23 a tonelada em Qingdao, na China, acumulando baixa de 34,33% no mês, o terceiro consecutivo de queda. Em julho, o minério era negociado acima de US$ 220 a toneladas, nas máximas históricas registradas.
Na avaliação do Ibram, a redução no preço do minério de ferro, principal item da produção e da exportação mineral, não abalou os resultados do setor. A demanda global por commodities minerais deve continuar em expansão, ou pelo menos estável, de acordo com a entidade. Desta forma, a produção deverá “se manter crescente, contribuindo para a recuperação da economia”, informa o instituto, em comunicado.
Por Bruno Villas Bôas
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