A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, indicou que a projeção para o IPCA de 2021 no cenário básico está em 8,5%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,25 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Para 2022, a projeção está em 3,7% e, para 2023, em 3,2%.
Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic (a taxa básica de juros) em 1,00 ponto porcentual, para 6,25% ao ano. Foi a quinta elevação consecutiva. Na ocasião, o BC também indicou a intenção de novo aumento da Selic no encontro de outubro.
Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,25, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 10 de setembro.
Em setembro do ano passado, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC havia anunciado que pretendia dar preferência ao câmbio PPC em suas projeções, e não mais ao câmbio fixo ou baseado no Focus.
Na ata da reunião anterior, de 3 e 4 de agosto, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 6,5% para 2021, 3,5% para 2022 e 3,2% para 2023.
O Copom voltou a enfatizar hoje, por meio da ata de seu último encontro, que a inflação ao consumidor segue elevada. “Persistem as pressões sobre componentes voláteis como alimentos, combustíveis e, especialmente, energia elétrica, que refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis”, alertou o Copom.
Segundo o documento, a alta nos preços dos bens industriais ainda não arrefeceu e deve persistir no curto prazo. O BC destacou que essa elevação dos preços na indústria decorre de repasses de custos, das restrições de oferta e do redirecionamento da demanda em direção a bens. Além disso, o Copom apontou que os preços dos serviços cresceram a taxas mais elevadas nos últimos meses, refletindo a gradual normalização da atividade no setor. Essa dinâmica já era esperada pelo colegiado.
Patamar contracionista
O Copom também afirmou, na ata, que a estratégia mais apropriada para assegurar a convergência da inflação para as metas de 2022 e 2023 é a manutenção do ritmo atual de ajuste associado ao aumento da magnitude do ciclo de ajuste da política monetária para patamar significativamente contracionista.
O comitê ainda ressaltou que, considerando a trajetória de juros da pesquisa Focus, o câmbio evoluindo a paridade do poder de compra e os preços de commodities em dólares estáveis em termos reais, as projeções de inflação estão ligeiramente acima da meta em 2022 (3,7%) e ao redor da meta para 2023 (3,2%).
“Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando assim uma trajetória para a política monetária mais contracionista do que a utilizada no cenário básico”, disse o Banco Central na ata.
Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos
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