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Taxas sobem com ajuste ao Copom, Treasuries e cautela com IPCA-15

Os juros fecharam o dia em alta, mais pronunciada nos vencimentos de longo prazo. O ajuste ao comunicado ao Copom e a oferta maior de prefixados do Tesouro desde manhã já traziam inclinação à curva local, que se acentuou à tarde quando o aumento do rendimento dos títulos norte-americanos ganhou impulso e o da T-Note de dez anos rompeu 1,40%. Além disso, ruídos na seara fiscal e postura defensiva antes do IPCA-15 amanhã também ajudaram na recomposição de prêmios nas taxas, que vinham, no caso das longas, em baixa há três sessões consecutivas.

O ajuste mais pesado ao Copom se deu nos vencimentos de curtíssimo prazo, com o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, o mais líquido em destaque, fechando com taxa de 7,095%, de 7,159% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 8,91% (8,832% ontem) e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 9,806% para 9,95%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 10,35%, de 10,204%.

As curtas reagiram em queda moderada à indicação do comunicado do Copom de um novo aumento de 1 ponto para a Selic em outubro, uma vez que a decisão de elevar a taxa para 6,25% já estava amplamente precificada. Ontem, a curva mostrava apostas divididas para a reunião do mês que vem, entre 1 e 1,25 ponto, mas boa parte agora migrou para a opção mais dovish.

Para o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, as taxas longas estavam distorcidas e tinham mesmo de ser ajustadas dada a mensagem do Copom, ao sinalizar, na sua avaliação, que altas de 1 ponto na Selic vão resultar na extensão do ciclo de aperto. “Com um discurso desse, a curva tem mesmo de ter prêmio, pois os cenários de inflação do BC e o do mercado estão descolados”, afirma. “O BC é espectador e a ponta longa só vai cair quando ele conseguir trazer de volta as expectativas à meta”, completou.

O movimento de ajuste na curva local se amplificou com a escalada dos rendimentos dos Treasuries. Os yields das T-notes de 2 e 10 anos atingiram hoje o maior nível desde 14 de julho, em meio à perspectiva de um Fed mais hawkish, após a sinalização de que tapering deve começar em novembro, e à percepção de contágio limitado da crise da Evergrande.

Adicionalmente, o mercado também já teria montado posições de proteção para eventual surpresa negativa com o IPCA-15 amanhã. Pela mediana das estimativas da pesquisa do Projeções Broadcast, a inflação medida pelo índice deve avançar a 1,03%, a maior taxa para meses de setembro na série. O intervalo vai de 0,90% a 1,14%. “Se vier em torno de 1,10%, a inflação em 12 meses vai para dois dígitos e mercado pode entender que o BC será mais agressivo no ritmo de aperto da Selic”, avalia o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Nas mesas de operação, alguns players citaram ainda que a percepção sobre a área fiscal voltou a piorar com o risco de prorrogação do auxílio emergencial e num valor de R$ 400, caso as fontes de financiamento do programa Auxílio-Brasil – PEC dos precatórios e a taxação de dividendos na reforma do IR – não sejam aprovadas.

A oferta bem maior de títulos prefixados pelo Tesouro ajudou na pressão tomadora sobre o DI. Foram 11 milhões de LTN, ante 450 mil e 7 milhões nos dois últimos leilões; e 650 mil NTN-F, de 100 mil na semana passada e 300 mil 15 dias atrás. O risco para o mercado (DV01) foi 74% maior, segundo a Necton.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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