Mercados

Juros: taxas longas caem com exterior e curtas ficam estáveis antes do Copom

A curva de juros continuou perdendo inclinação nesta Superquarta de decisões de política monetária, com taxas intermediárias e longas fechando em queda moderada, em meio à retomada do apetite ao risco no exterior, e as curtas estáveis, refletindo o compasso de espera pelo Copom. O comunicado do Federal Reserve veio relativamente em linha com o esperado, mas a entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell, surpreendeu pelo tom hawk sobre o tapering, mesmo em meio ao aumento das incertezas sobre a recuperação da economia global. No Brasil, dada a certeza de que o colegiado sobe a Selic hoje em 1 ponto porcentual, o que mais gera expectativa é a sinalização sobre os próximos passos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 7,13%, de 7,128% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 8,847% para 8,82%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 9,80%, de 9,846%, e a do DI para janeiro de 2027, em 10,20%, de 10,254%.

As taxas estiveram em queda durante todo o dia. Pela manhã, oscilavam com viés de baixa, à espera do Fomc e acompanhando o bom humor externo. O PBoC, banco central da China, injetou liquidez no sistema bancário, enquanto a unidade onshore da Evergrande anunciou um acordo com credores para o pagamento dos juros a vencer nesta semana.

À tarde, as taxas ganharam ritmo e bateram mínimas no intervalo entre pouco antes das 15h e logo depois do Fed, com o mercado digerindo a mensagem do comunicado, no qual os dirigentes afirmavam, de forma mais genérica, que “se o progresso (da economia) continuar como esperado, moderar compras de ativos será necessário em breve”. Porém, na entrevista após a reunião, Powell disse que a instituição pode “facilmente” começar o tapering nos bônus na reunião de novembro e terminar em meados do ano que vem. Segundo ele, no entanto, não há decisão sobre isso ainda e o processo será “muito gradual”.

Foi a senha para o dólar inverter a queda e passar a subir, enquanto os juros reduziram o fôlego de baixa. “A fala foi mais dura, sendo claro que a compra ainda tem sua importância, mas é tempo de reduzir”, disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier.

No Brasil, as atenções seguem basicamente voltadas ao Copom e à questão dos precatórios. A costura política de uma solução para as dívidas judiciais agradou ao mercado, apesar das inúmeras críticas de especialistas em contas públicas. A comissão especial que analisará a PEC será comandada por líderes do Centrão. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer concluir a votação em até 20 dias. No Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), estima um prazo entre duas e três semanas para finalizar a votação.

Na ponta curta, as taxas seguiram com oscilação limitada pela espera para ver se o Copom sanciona a expectativa do mercado em relação às próximas reuniões. A aposta de aumento de 1 ponto da atual Selic de 5,25% esta noite é amplamente majoritária.

O JPMorgan avalia que o BC fez bem em corrigir a comunicação para ajustar as apostas. Para a economista-chefe do banco para o Brasil, Cassiana Fernandez, o ritmo de aperto, de 1 ponto por reunião, com um ciclo de alta até 9,0% na Selic, é suficiente para fazer o IPCA convergir para a meta no fim de 2022, desde que se consiga “ancorar também o cenário do lado da política fiscal”.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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