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Temor com China e cautela antes de Fed e Copom derrubam Ibovespa

Em meio ao ambiente externo desfavorável, o Ibovespa começou a semana em forte baixa, se distanciando ainda mais dos 111.439,37 pontos da sexta-feira, chegando a cair para os 108 mil pontos. A tendência decorre do temor de desaquecimento mundial mais forte que o esperado, intensificado pela China, onde pesam os problemas financeiros da Evergrande. Ao mesmo tempo, Pequim continua a adotar medidas restritivas no setor industrial, o que dita novo recuo ao minério de ferro (-8,80%), para US$ 92,98 a tonelada, ajudando na desvalorização de ações do segmento lá fora.

Para completar, a espera pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, na quarta-feira, e o início da cobrança do aumento de IOF para empresas e consumidores devem reforçar a cautela dos investidores na B3.

Os papéis de mineradoras e siderúrgicas cedem, jogando o Ibovespa para o campo negativo, dada a representatividade na carteira, sobretudo Vale, que tem participação de 14,22% no índice. O petróleo também cai mais de 1,50% esta manhã no exterior, elevando o “sentimento de aversão ao risco global”, observa em nota Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. Às 11h09, Vale ON cedia 3,24%; CSN ON caía 3,02%; Usiminas PNA tinha recuo de 2,16%. Petrobras recuava 2,33% (PN) e tinha declínio de 1,76% (ON).

Como cita a CM Capital, alguns veículos de comunicação, como o WJS e outros, falam abertamente sobre o medo do contágio da crise financeira da Evergrande, “mas, como costuma ser o caso na China, a falta de visibilidade torna essa avaliação mais difícil do que de costume.”

De todo modo, a questão da incorporadora chinesa deixa os investidores em estado de atenção, ressalta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Em sua visão, era esperado algum arrefecimento econômico mundial após a fase de estímulos e de recuperação. “Vai sair do momento de ebulição. Isso realmente era esperado, mas não sabemos quanto tempo vai durar”, avalia.

Neste sentido, continua, os dados de setembro da economia serão fundamentais para ajudar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA a definir o início do processo de retirada de estímulos (tapering). Em sua visão, o presidente do Fed, Jerome Powell, tentará ao máximo adotar um tom “dovish” em relação a indicações. “Deve tentar usar o máximo de elementos para segurar medidas até o ano que vem, quem sabe começando em janeiro”, diz.

A despeito de o caso Evergrande e as medidas restritivas do governo chinês não serem novidades, os mercados ficam na defensiva, observa Rodrigo Natali, da Inversa. “O Investidor local estava acostumado a se ater a questões internas. Agora, as notícias de fora assustam, geram cautela. A queda das ações da Evergrande começou há quase cinco anos. É uma novela que vem se arrastando. É obvio que haverá calote se considerarmos que uma reestruturação é igual a um calote. O debate é quais serão os termos desse acordo e quanto será o corte no valor de face dos bônus da empresa. Isso assusta, pois entrou no radar das pessoas”, descreve Natali, acrescentando ainda o mau humor nos mercados também é provocado pelas medidas restritivas da China ao setor industrial.

Às 11h07, o Ibovespa cedia 2,14%, aos 109.126,30 pontos, ante mínima aos 108.611,28 pontos. Apenas Copel PNB (4,83%), RaiaDrogasil ON (0,42%), Eletrobras PNB (0,50%) e Cemig PN (0,07%) subiam.

Em meio a este cenário cauteloso no exterior, Cruz, da RB, acredita que fica difícil imaginar uma recuperação do Ibovespa no curto prazo, ainda mais que algumas questões internas também seguem sem solução.

O estrategista da RB refere-se especialmente à reforma administrativa, que não avança, embora o presidente da Câmara, Arthur Lira, tenha dito estar otimista quanto a seu avanço. “Se conseguir avançar, será uma surpresa positiva, mas não escuto ninguém falar nessa direção”, diz o estrategista da RB Investimentos.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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