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Gol levanta R$ 1 bi com acordo de compartilhamento de voos com American Airlines

Em julho, a Gol foi responsável por transportar 31,6% dos passageiros que viajaram no mercado interno brasileiro (Foto: Divulgação / Gol)

A Gol conseguiu levantar US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,05 bilhão) através de um acordo de exclusividade de compartilhamento de voos (codeshare) com a American Airlines válido por três anos. Com isso, a companhia aérea norte-americana passa a deter 5,2% da brasileira, que, por sua vez, melhora o que era considerado pelo mercado uma situação de liquidez fraca.

Segundo anúncio feito nesta quarta-feira, (15), pela Gol, considerando o dinheiro aportado pela American, a companhia levantou R$ 3,7 bilhões de capital de longo prazo nos últimos seis meses. Antes da injeção desse R$ 1 bilhão, o Credit Suisse destacara, em relatório, que a situação de liquidez da empresa brasileira era delicada. Isso, ao lado de uma estrutura de custos pesada, fez inclusive o banco classificar as ações da companhia como inferiores à média (“underperform”).

“A geração de fluxo de caixa fraca, o aumento da competitividade da Azul, a fraca posição de liquidez, a estrutura de custos pesada e um foco obscuro da estratégia ESG nos tornam menos otimistas (em relação à Gol)”, afirmaram os analistas Alejandro Zamacona, Diego Serrano e Regis Cardoso, do Credit, no fim de agosto.

O acordo com a America Airlines, no entanto, pode dar gás à Gol nessa fase de retomada do setor aéreo, momento em que capital é essencial para que as empresas possam voltar a acrescentar voos e rotas à malha aérea. Quando o mercado estava quase fechado devido às restrições da covid, as companhias sobreviveram enxugando custos. Agora, com os funcionários fora das licenças não remuneradas e com os custos em alta devido à desvalorização do real, a necessidade de caixa se impõe para que elas não percam participação no mercado.

Em julho, a Gol foi responsável por transportar 31,6% dos passageiros que viajaram no mercado interno brasileiro, enquanto a Azul ficou com 36% e a Latam, com 31,2%. No último julho antes da pandemia, em 2019, a Gol tinha 39,4%, a Latam, 32,8% e a Azul, 27,1%.

O Bradesco BBI avaliou que o acordo deve ser suficiente para a Gol atravessar o restante da pandemia. A “Gol esperava reportar uma liquidez total de R$ 4,2 bilhões no quarto trimestre, que agora pode saltar para cerca de R$ 5,2 bilhões, e, em nossa opinião, isso deve ser suficiente para superar a pandemia”, afirmaram os analistas Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Pedro Fontana.

Com o aumento de capital e os resultados de tráfego de julho e agosto de 2021 da empresa, o banco aumento o preço-alvo da ação da Gol de R$ 26 para R$ 27, o que representa um potencial de valorização de 40% na comparação com o preço de fechamento de terça-feira.

Acordo

O negócio entre a Gol e a American foi feito com a brasileira emitindo 2,2 milhões de ações preferenciais (sem direito a voto), e com a americana adquirindo esses papéis a R$ 47,03 cada um. O valor considerado foi bem maior do que o registrado pela Gol na terça-feira, 14, quando a ação foi cotada a R$ 19,28, e também superior à média de R$ 35,68, verificada no segundo semestre de 2019 (antes da pandemia).

Em nota, o diretor vice-presidente financeiro da Gol, Richard Lark, afirmou que o investimento da American representa o “reconhecimento do valor” da Gol.

O presidente da empresa brasileira, Paulo Kakinoff, disse que o acordo “fortalecerá ainda mais a presença da Gol nos mercados internacionais, acelerará nosso crescimento de longo prazo e maximizará o valor para nossos acionistas. Também, ratifica a confiança no crescimento da Companhia conforme a economia se reabre e a demanda por viagens aumenta”.

As duas companhias já tinham um acordo de codeshare desde fevereiro do ano passado. O contrato, no entanto, não previa exclusividade. O novo modelo de parceria ainda precisa ser aprovado pelo conselho de administração da Gol.

Com acordos de codeshare, as companhias aéreas podem elevar a demanda por passagens ao conectar um maior número de cidades. As empresas também costumam receber um porcentual se vendem passagens para voos operados pela companhia parceira.

Por Luciana Dyniewicz. Colaborou Beth Moreira

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