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Tombo de 21,39% no minério de ferro garante deflação no IGP-DI de agosto

Por causa do minério de ferro, a deflação do IGP-DI de agosto foi toda no IPA-DI, que mede os preços no atacado (Foto: Divulgação)

A deflação no Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de agosto pode não significar um alívio generalizado na inflação acumulada nos últimos meses, já que foi puxada por um tombo de 21,39% nos preços do minério de ferro no atacado, segundo nota divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Mais cedo, a entidade informou que o IGP-DI caiu 0,14% em agosto, após um avanço de 1,45% em julho.

“Apesar da queda registrada na taxa do IGP-DI, a inflação continua a pressionar a estrutura produtiva das empresas e o orçamento familiar. O resultado de agosto foi influenciado pela queda de 21,39% no preço do minério de ferro. Se tal variação fosse excluída do cálculo do IPA, o índice ao produtor registraria alta de 2,48%”, diz nota da FGV.

Por causa do minério de ferro, a deflação do IGP-DI de agosto foi toda no IPA-DI, que mede os preços no atacado. O movimento foi verificado em alguns outros itens, como leite in natura (que desacelerou de uma alta de 6,52% em julho para avanço de 1,50% em agosto) e bovinos (de 0,46% para -0,24%).

Por outro lado, mesmo no IPA-DI, houve pressões inflacionárias de outros itens, o que corrobora com o quadro ainda preocupante de elevação da inflação. Os alimentos in natura aceleraram de uma alta de 2,23% em julho para um salto de 8,09% em agosto, com destaque para as acelerações na variação de preços da soja em grão (2,84% para 4,25%), do café em grão (7,44% para 15,10%) e do arroz em casca (-4,47% para 6,57%).

O quando de inflação pressionada é corroborado ainda no IPC-DI, que mede os preços ao consumidor. O arrefecimento dessa componente, de 0,92% em julho para 0,71% em agosto foi mercado pela conta de luz. O item tarifa de eletricidade residencial passou de uma alta de 7,80% em julho para 0,93% em agosto. O problema é que, diante da crise hídrica e do acionamento duradouro das usinas térmicas, o que levou à adoção de uma nova bandeira tarifária, mais cara, deverá trazer novas rodadas de acelerações nesse item.

O ritmo de alta nos preços da gasolina, dentro do IPC-DI, também arrefeceu, mas menos. Passou de 1,85% em julho para 1,14% em agosto. Terminada as férias escolares de julho, a alta nos preços das passagens aéreas também arrefeceu de 13,11% para 7,25%.

Com isso, três das oito classes de despesa componentes do IPC-DI registraram decréscimo em suas taxas de variação na passagem de julho para agosto: Habitação (2,09% para 0,59%), Educação, Leitura e Recreação (1,42% para 1,03%) e Transportes (0,85% para 0,69%).

No sentido oposto, aceleraram as variações os grupos Alimentação (0,78% para 1,25%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,00% para 0,49%), Vestuário (0,08% para 0,38%), Despesas Diversas (0,02% para 0,18%) e Comunicação (-0,09% para 0,05%). Nos gastos com Alimentação, o destaque foram as hortaliças e legumes, que aceleraram de 0,17% para 4,25%.

O comportamento geral da inflação ao consumidor também preocupa quando se olha para o núcleo do IPC-DI. A taxa foi de 0,53% em agosto, ante 0,42% no mês anterior. “Dos 85 itens componentes do IPC, 30 foram excluídos do cálculo do núcleo. Destes, 18 apresentaram taxas abaixo de 0,09%, linha de corte inferior, e 12 registraram variações acima de 1,49%, linha de corte superior”, informa a FGV.

Já o índice de difusão, que mede a proporção de itens com taxa de variação positiva, ficou em 78,06%, 13,22 pontos porcentuais acima do registrado em julho, quando o índice foi de 64,84%.

No Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o arrefecimento do ritmo de alta, para 0,46% em agosto, ante 0,85% no mês anterior, foi marcado pelos custos de mão de obra. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de julho para agosto: Materiais e Equipamentos (1,28% para 1,01%), Serviços (0,87% para 0,47%) e Mão de Obra (0,48% para 0,00%).

Por Vinicius Neder

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