Em meio a um volume muito baixo de negócios, dada a coincidência de feriados nos Estados Unidos (hoje) e no Brasil (amanhã), o Ibovespa testou hoje reação ante as perdas da sexta-feira, impulsionado pelo otimismo com ações pelo mundo e pelo noticiário setorial. Contudo, a liquidez estreita tende a amplificar os movimentos, lembram operadores, e distorcer o “filme” do momento. Há relativa cautela entre os agentes do mercado doméstico, por causa dos riscos às instituições com as manifestações marcadas para o Dia da Independência.
A ausência do investidor americano, que comemora o Dia do Trabalho, minguou a liquidez externa. Mas, ainda assim, um dos drivers seguiu sendo os Estados Unidos. Isso porque o payroll fraco de agosto alimentou apostas da permanência de mais estímulos por lá, o que, de resto, é positivo para os mercados de risco. Indicadores decepcionantes na China e a troca de poder no Japão também reforçam a percepção de mais políticas para a expansão econômica nesses países, impactados pela variante delta do coronavírus.
Assim, as bolsas europeias terminaram com ganhos entre 0,21% (Madri) e 0,96% (Frankfurt), tornando-se um importante referencial de preço no Brasil hoje. O Ibovespa subiu 0,80%, aos 117.868,63 pontos.
“Com essa falta de liquidez, porque o investidor estrangeiro possivelmente encerrou posições na sexta-feira, a Bolsa sofre impacto de movimentos pontuais, de um correção das perdas da semana passada”, afirma Eduardo Marzbanian, analista da Wise Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual.
“E é importante a gente notar que, mesmo subindo hoje, ainda segue uma pressão vendedora. A gente tem de lembrar que estamos em uma crise fiscal”, prossegue Marzbanian.
Setorialmente, alguns destaques do noticiário ajudaram a levar o Ibovespa ao azul. O segmento de frigoríficos subiu, em meio à percepção de que os casos de “vaca louca” são pontuais e não afetarão os embarques à China. Assim, Minerva foi uma das maiores altas, com avanço de 6,68%. Marfrig subiu 2,58% e JBS, 3,22%.
Ainda assim, o cenário adiante prescreve alguma cautela. O dia de amanhã será de atos, em sua maioria, favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro. Ao longo do fim de semana, o presidente elevou novamente o tom, sugerindo o risco de ruptura da ordem democrática. O pós-manifestações pode ampliar os riscos institucionais ao País, o que desagrada ao investidor – tanto estrangeiro quanto local.
Por Mateus Fagundes
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