Mercados

Lira, Tesouro e exterior conduzem desinclinação da curva de juros DI

O mercado de juros encontrou uma brecha nas preocupações com o cenário fiscal e político-institucional para devolver um pouco dos prêmios elevados da curva a termo. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou durante boa parte do dia com taxa de um dígito, mas voltou aos dois dígitos no fechamento.

Na falta de novidades negativas na seara política, nesta terça-feira o cenário externo positivo e a decisão do Tesouro de colocar novamente lotes pequenos no leilão de NTN-B favoreceram a queda das taxas com desinclinação da curva, mas num movimento que continua sendo considerado frágil, sem sustentação de fundamentos.

Os juros já começaram o dia em baixa, assegurada pelo apetite ao risco no exterior e a opção do Tesouro de novamente antecipar a divulgação dos lotes do leilão para a pré-abertura, o que havia funcionado bem na quinta-feira com a oferta de prefixados. A instituição teve ainda a sensibilidade de voltar a colocar um volume reduzido, estratégia que serve de válvula de escape para a volatilidade que normalmente os leilões trazem para o DI em fases turbulentas como a atual.

Depois, a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de não colocar na pauta desta semana a votação da reforma do Imposto de Renda, estimada para esta terça-feira, na busca de uma convergência para o texto, foi bem recebida nas mesas. Diante da falta de consenso sobre a proposta, a leitura é de que o adiamento retira do curtíssimo prazo mais um foco de tensão.

Lira disse também que pretende discutir esta semana com setores do governo uma solução para PEC dos precatórios que respeite o teto dos gastos.

Do exterior, o arrefecimento dos casos de Covid na China e a perspectiva de controle da pandemia após a aprovação definitiva pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, em inglês) da vacina da Pfizer impulsionaram as commodities, espalhando apetite pelo risco mundo afora e ajudando o dólar aqui cair abaixo dos R$ 5,30. A grande expectativa, no entanto, é pelo simpósio de Jackson Hole no fim da semana, com discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta.

A taxa do DI para janeiro de 2023, o mais negociado, encerrou em 8,42%, de 8,50% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 9,746% para 9,59%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,00%, de 10,194% na segunda-feira.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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