As taxas de juros negociadas no mercado futuro abriram esta terça-feira (24) com oscilações contidas, mas passaram a renovar sucessivas mínimas depois que o Tesouro Nacional divulgou os termos do leilão de Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B) desta manhã. Serão ofertadas 150 mil NTN-Bs, títulos atrelados ao IPCA, com vencimentos em 2026, 2030 e 2055. Com o anúncio de hoje, o Tesouro repete a estratégia da semana passada de ofertar lotes pequenos, reduzindo a necessidade de “hedge” (proteção) no mercado.
Em dia de agenda internacional mais escassa, o cenário doméstico deve continuar como principal referência para o mercado futuro de juros nesta terça-feira. A semana começou com alta generalizada na curva, em especial nos trechos intermediário e longo, com investidores buscando calibrar os prêmios de risco para um ambiente bastante adverso, que conta com crise político-institucional, quadro fiscal deteriorado e sinais de estagflação.
Em meio ao mau humor no mercado brasileiro, com os ativos domésticos descolados do viés positivo no exterior, ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que o ambiente de antecipação das eleições prejudica a economia, pois “causa muito barulho”, mas disse que nenhum fundamento indica que o País está fora do controle.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, Guedes tem razão se for observado o que já foi gasto e o que já foi derrubado. Porém, “o problema é que a PEC dos precatórios, que o Executivo colocou na mesa, muda a dinâmica de solvência do país. A expansão do Bolsa Família sem recursos gera um piora sistemática na trajetória de dívida. As reformas tributária e administrativa perderam ímpeto e força na tramitação, destacando que hoje as mesmas não são mais optativas e sim obrigatórias”, afirma Sanchez.
Assim, as atenções seguem focadas nos riscos fiscais da PEC dos precatórios e a uma nova tentativa de votação do projeto que altera o Imposto de Renda.
Às 10h, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para liquidação em janeiro de 2025 tinha taxa de 9,64%, ante 9,74% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2027 projetava 10,07% contra 10,19% do ajuste anterior. E o vencimento de janeiro de 2029 tinha taxa de 10,36%, de 10,47%.
Por Paula Dias
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