Um fundo ligado ao empresário Nelson Tanure comprou a fatia de 21% da gestora de recursos Pátria na empresa de diagnósticos médicos Alliar. A informação foi publicada mais cedo pelo site Brazil Journal e confirmada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com fontes diretamente envolvidas nas negociações.
A entrada de Tanure no negócio se deu por meio do Fonte de Saúde Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, gerido pela MAM Asset Managment. O valor da transação ficou em torno dos R$ 320 milhões. Há instantes, a Alliar confirmou ao mercado a movimentação no quadro societário, mas sem detalhar valores do negócio.
A fatia do empresário na empresa de saúde começou a aumentar de forma discreta esta semana, por meio de compras no mercado. Na quarta-feira, 18, a MAM informou que sua participação na Alliar havia chegado a 5,13%.
A movimentação de Tanure escancara a corrida pelo controle da Alliar, dona de 15 marcas, entre elas o laboratório CDB. No começo desta semana, a companhia foi alvo de uma oferta pública de aquisição (OPA) por parte da Rede D’Or, conglomerado detentor de mais de cem ativos na área da saúde, entre hospitais e clínicas.
A intenção da Rede DOr era comprar 100% da Alliar, a R$ 11,50 cada ação, um ágio de 21,8% acima das cotações de mercado do papel no fechamento da última sexta-feira (13). A este preço, a companhia é avaliada em R$ 1,360 bilhão, operação que agora fica sob pressão.
Essa disputa ocorre logo após o Pátria, que fundou a Alliar há dez anos por meio da união de quatro laboratórios, e os fundadores do CDB informarem ao mercado o fim do acordo de acionistas da empresa – passo que libera a venda.
Com a disputa pela empresa, a ação da Alliar disparou 28% este mês e fechou nesta quinta-feira com alta de 6%, a R$ 13,06. Apesar da disparada, a ação ainda está distante do preço que saiu no IPO, a R$ 20,00. A Alliar abriu o capital no final de 2016, em operação de R$ 766 milhões.
Procurados, o Pátria, a Alliar e Tanure não comentaram.
Tanure é conhecido no mercado por investimentos em empresas estressadas, ou seja, que passam por dificuldades financeiras.
A ideia é comprar na baixa e vender na alta. Foi assim na década passada com a Intelig, vendida para a TIM, e com a Oi, de onde saiu após perder uma disputa societária.
Outras investidas são a petroleira HRT, rebatizada de Petrorio, e a incorporadora Gafisa – ambas compradas em estado pré-falimentar e reerguidas.
No ano passado, Tanure voltou para o setor de telecomunicações após arrematar a Sercomtel, Copel Telecom e Horizons Telecom por meio do fundo multiestratégia Bourdeux, com desembolsos na ordem de R$ 2,5 bilhões.
Por Circe Bonatelli e Altamiro Silva Júnior
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