O presidente da Scania na América Latina, Christopher Podgorski, disse nesta quinta-feira que a montadora tem planos de produzir veículos elétricos no Brasil, mas o passo só será dado quando a tecnologia tiver viabilidade econômica e financeira, algo que ainda levará algum tempo. Como países emergentes não têm a mesma capacidade de subsídios dos mercados que lideram a transição tecnológica – Europa e Estados Unidos -, a montadora de caminhões de origem sueca prevê um futuro que chama de “eclético”.
Nele, motores alimentados por combustíveis de menor emissão – como a propulsão a gás desenvolvida pela fabricante – ou mesmo a diesel vão coexistir com os elétricos.
A expectativa é que em países sem subsídios, e onde o preço dos combustíveis é mais controlado pelo governo, o investimento na aquisição de veículos elétricos leve mais tempo para “se pagar”.
Em outras palavras, demora mais para que a economia de combustível compense o preço alto pago pela tecnologia elétrica. Por isso, a mudança de tecnologia vai acontecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos, além da China, que também tem política de eletrificação.
Ao participar nesta quinta-feira de congresso virtual da Autodata, Podgorski disse que a introdução, bem como a adaptação industrial, de novas tecnologias faz parte dos investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão previstos para o Brasil até 2024. No momento, contudo, a montadora tem feito apenas testes com veículos elétricos.
“Vamos trazer veículos elétricos no momento certo, e industrializar localmente a tecnologia quando fizer sentido do ponto de vista econômico e financeiro”, comentou o presidente da montadora de caminhões pesados.
Segundo Podgorski, a eletrificação só será viável na região em que comanda a Scania quando houver diminuição de custo e melhora de desempenho das baterias, permitindo que os veículos rodem mais quilômetros sem a necessidade de recarga. Caso contrário, é difícil imaginar a introdução da tecnologia em caminhões que percorrem longas distâncias, como os produzidos pela Scania em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
“Isso ainda ninguém tem. A virada de uma nova fase de eletrificação mais eficaz vem no próximo um ano e meio. Vamos participar, mas várias tecnologias vão coexistir”, comentou o executivo, acrescentando que a defasagem tecnológica pode chegar a cinco anos, a depender do tipo de veículo, em mercados emergentes como os da América Latina. “Da linha do Equador para baixo, não há recursos abundantes para incentivos”, acrescentou Podgorski.
Por Eduardo Laguna
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