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Entrevista: Blau aposta em banco de plasma para crescer no mercado dos EUA

Focada em fornecer medicamentos para hospitais, a Blau Farmacêutica (BLAU3) tem buscado investir no mercado norte-americano inaugurando seu primeiro centro de coleta de plasma na Flórida. Trata-se do principal mercado no mundo da substância, cujas proteínas extraídas geram medicamentos, disse o CFO da empresa, Douglas Rodrigues, em entrevista ao Mercado News.

De acordo com o executivo, ainda que considere M&As (fusões e aquisições) dentro de suas avenidas de crescimento, a Blau destinou parte do caixa obtido com seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) realizado em abril, que movimentou R$ 1,2 bilhão, à construção de uma nova planta industrial no estado de Pernambuco. A empresa está em fase de negociações com o governo do estado e de contratação de empresas especializadas. A primeira fase do projeto deverá entrar em operação ao fim de 2023. E o projeto final após 5 anos do início das obras.

Vislumbrando a oportunidade de ser mais uma opção para o Ministério da Saúde para produzir vacinas contra Covid-19, a Sinopharm e a Blau buscam fechar uma parceria comercial. A vacina do laboratório chinês ainda aguarda a aprovação da Anvisa. Segundo o CFO, as empresas, eventualmente, poderão ampliar essa parceria para outros produtos biológicos.

A seguir leia a entrevista completa:

Qual é o diferencial da Blau no setor?

Nosso grande diferencial é que já estamos há muito tempo no mercado, e o conhecemos muito. A empresa tem quase 35 anos de história. A fortaleza dela é um portfólio muito complementar, desde alta complexidade até produtos do dia a dia de hospital, um portfólio de medicamentos de especialidades, oncológicos, produtos biológicos. E também nossa produção é toda local, o que torna a companhia muito ágil para atender as necessidades do mercado e altamente competitiva em termos de custo. Eu consigo brigar no mercado e consigo ganhar espaço.

Qual foi o destaque dos resultados do segundo trimestre? 

Tanto no primeiro quanto no segundo trimestre a gente vem apresentando crescimento, melhorando margem bruta e margem líquida da companhia, em relação ao mesmo período de 2020. Esse resultado está muito alinhado com o novo ciclo de crescimento. A companhia vem crescendo nos últimos anos, e vem recorrentemente fazendo novos investimentos para manter esse ritmo de crescimento. Em relação à rentabilidade, dado o posicionamento, como companhia, a gente sabe explorar a fortaleza do nosso portfólio e, eventualmente, capturar as oportunidades que tem no mercado, seja internamente ganhando eficiência e produtividade, e eventualmente atender o melhor mix possível que pode trazer uma maior rentabilidade para a companhia.

Como está o projeto de banco de plasma nos Estados Unidos? Quais as perspectivas?

O plasma se torna um componente importante para a gente porque é um dos nossos principais produtos, que é um produto biológico, a imunoglobulina, derivada de uma proteína que é encontrada no plasma. Para nós isso é um processo de verticalização, porque basicamente eu tenho o plasma, que é coletado por meio de doação humana ou uma coleta remunerada, principalmente no mercado norte-americano. A partir da coleta do plasma você começa a extrair as proteínas que vão se transformar em medicamentos, em produtos que depois são comercializados. O plasma é importante no nosso portfólio e para outros produtos que, eventualmente, eu possa desenvolver dentro do meu pipeline. Hoje a gente já tem outro produto. E o mercado norte-americano é o principal mercado de plasma do mundo, ele é autossuficiente, acaba abastecendo o mundo todo com o plasma, por isso foi importante se estabelecer lá.

A empresa está com dinheiro em caixa devido ao IPO. Há planos de fusões e aquisições (M&A)?

Nós estamos capitalizados, mas o principal uso desse recurso é a construção de uma nova planta industrial. A companhia explora dentro aí de suas avenidas de crescimento M&A sim. É um pilar importante. A gente fez um M&A ano passado basicamente para endereçar aumento de capacidade produtiva: foi a Pharma Limirio, que hoje já está incorporada como Blau Goiás no nosso negócio. E eventualmente M&As estratégicos e que possam trazer valor para nosso acionista. Mas o foco basicamente da captação foi endereçar a nossa planta industrial.

Poderia falar sobre a questão da Sinopharm, qual a relação da Blau com o laboratório chinês?

Nós, assim como ela, temos outros parceiros comerciais, isso é normal no segmento farmacêutico, você se associa com outros parceiros internacionais até para ampliar a sua cadeia de distribuição de medicamentos, parcerias e desenvolvimento de novos medicamentos. Então ela já é um parceiro comercial e agora a gente vislumbrou essa oportunidade de ser mais uma opção para o Ministério da Saúde para uma vacina de Covid e, eventualmente, depois até ampliar essa parceria para outros produtos biológicos. Ela é uma referência no mercado chinês e internacional, e a gente tem essa associação com ela. E a gente está em um processo. Claro, antes da aprovação da Anvisa, não há muito que falar sobre essa vacina e essa parceria, mas a gente está tentando se tornar mais uma opção para o Ministério da Saúde.

Poderia falar sobre os medicamentos biotecnológicos e a perspectiva desse tipo de produto no mercado?

É um futuro, esses tratamentos sempre têm uma eficácia maior e até um processo menos invasivo dependendo do tratamento que o paciente tenha que passar. A Blau está há muito tempo nesse mercado, tem ”know how”, tem experiência. O Marcelo [Rodolfo Hahn], que é nosso fundador e CEO, é um cara que conhece muito desse mercado, e com essa visão sempre à frente. É nosso carro-chefe, a companhia está seguindo essa tendência de mercado do que será o futuro do tratamento de medicamentos.

Qual o principal objetivo da empresa daqui em diante?

Ser uma empresa de referência no nosso segmento. A gente já vem crescendo, vem mantendo isso. Não só Brasil, mas eventualmente em todos os mercados. Ser uma referência mundial de saúde. É um plano ambicioso, mas é nossa meta.

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Ana Macedo

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