A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira, (10), indicou que a projeção para o IPCA de 2021 no cenário básico está em 6,5%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,15 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Para 2022, a projeção está em 3,5% e, para 2023, em 3,2%.
Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic (a taxa básica de juros) em 1,00 ponto porcentual, para 5,25% ao ano. Foi a quarta elevação consecutiva. Na ocasião, o BC também indicou a intenção de novo aumento da Selic no encontro de 21 e 22 de setembro.
Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,15, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 30 de julho.
Em setembro do ano passado, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC havia anunciado que pretendia dar preferência ao câmbio PPC em suas projeções, e não mais ao câmbio fixo ou baseado no Focus.
Na ata da reunião anterior, de 15 e 16 de junho, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 5,8% para 2021 e 3,5% para 2022.
O Copom reafirmou por meio da ata que seu cenário básico para a inflação tem fatores de risco “em ambas as direções” – ou seja, na direção de baixa e de alta para a inflação.
“Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico”, disse o BC no documento. “Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do País. Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.” Essas ideias expressas na ata já constaram no comunicado da semana passada.
Componentes voláteis
A ata reafirma que existem novas pressões em “componentes voláteis” da inflação, como nos custos de energia elétrica e de alimentos. Além disso, o BC pontuou que a inflação ao consumidor “continua se revelando persistente”.
“Os últimos indicadores divulgados mostram composição mais desfavorável”, registrou o BC no documento. “Destacam-se a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, causando elevação dos núcleos.”
Ao tratar das novas pressões em componentes voláteis, o BC citou “a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas”. “Em conjunto, esses fatores acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo”, acrescentou a instituição.
Na ata, o Banco Central também repetiu a ideia, na expressa no comunicado da semana passada, de que “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.
Preços administrados
O Banco Central projeta uma elevação de 10,0% nos preços administrados em 2021, considerando seu cenário básico, com juros variáveis e câmbio conforme a Paridade do Poder de Compra. No caso de 2022 e 2023, o porcentual projetado é de 4,6%.
A ata da última reunião do Copom reitera que o cálculo considera uma hipótese neutra para a bandeira tarifária de energia elétrica, que se mantém em “vermelha patamar 1” em dezembro de cada ano-calendário. Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada. Na ata do encontro anterior do Copom, ocorrido em junho, as projeções para os preços administrados indicavam alta de 9,7% em 2021 e 5,1% em 2022.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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