Os juros tiveram, enfim, alívio após subirem seguidamente nas últimas três sessões. As taxas recuaram contrariando a leitura dos preços de abertura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) considerada ruim e a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) vista por muitos como até mais hawkish do que o comunicado, sugerindo que o novo nível neutro da Selic pode ser 7%.
A avaliação nas mesas de renda fixa é a de que o IPCA e a ata já haviam sido precificados nos últimos dias, o que abriu um espaço para uma correção parcial. O movimento, porém, é visto como frágil em meio à permanência dos riscos fiscais, que tiveram destaque nesta terça na ata do Copom, e incertezas no cenário inflacionário.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 6,49%, de 6,534% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 8,229% para 8,095%. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 9,02%, de 9,125%, e a do DI para janeiro de 2027, em 9,43%, de 9,513%.
A queda perdeu pontualmente força à tarde com as declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, que admitiu que o Copom tem se surpreendido com os condicionantes da inflação e que há grande preocupação com preços de serviços na medida em que a economia vai reabrindo. No fechamento, porém, retomaram o ritmo.
Os preços de serviços tem exigido uma atenção especial do BC, em função da retomada da atividade na medida em que a pandemia vai dando sinais de trégua no Brasil. “O setor de serviços tende a reabrir e é possível alguma recomposição de preços neste setor”, alertou Bruno Serra, em sua participação no evento do banco Goldman Sachs, para quem, com a economia em processo de reabertura, o cenário para a inflação se torna desafiador.
A terça-feira teve ainda leilão de NTN-B, com a demanda de 2,3 milhões atendida integralmente. O lote foi bem maior do que os 150 mil títulos da semana passada. A avaliação dos gestores é de que o alívio de prêmios na curva abriu espaço para que o Tesouro conseguisse colocar uma boa oferta de papéis, e concentrada nos prazos mais longos, de 2030 (1 milhão) e 2055 (1 milhão).
Por Denise Abarca
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