Os juros futuros terminaram a sessão regular em alta nesta primeira sessão de agosto. A queda firme das taxas pela manhã foi paulatinamente perdendo força à tarde, na medida em que o apetite ao risco no exterior que sustentava a devolução inicial de prêmios arrefeceu, levando o mercado de juros a deslocar-se novamente para a difícil realidade local. A tentativa de recuperação, após o estresse da sexta-feira, vista na primeira etapa não teve fôlego para se estender, com os investidores voltando a pesar as incertezas fiscais, os ruídos políticos e a expectativa para a decisão do Copom na quarta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 6,30%, de 6,341% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,82% para 7,845%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 8,77% (8,705% na sexta) e a taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 9,08%, de 9,044%.
O mercado de juros começou o dia embalado pelo clima positivo no exterior, por sua vez atribuído ao otimismo com o avanço do pacote de infraestrutura nos Estados Unidos que pode ser votado ainda esta semana. As taxas recuavam por toda a extensão da curva, que perdia inclinação com a ponta longa em baixa mais consistente. O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, diz que o noticiário do fim de semana em torno de alternativas para financiar o aumento do Bolsa Família deu algum conforto para a curva ensaiar recuperação. Mas o movimento, já pela manhã, era visto como frágil, na medida em que as incertezas persistem e tem um Copom daqui a dois dias.
“O cenário fiscal ainda é negativo, com muita incerteza, e há também receios de que o Copom possa endurecer ainda mais o discurso”, disse. Os eventos recentes, como o IPCA-15, deixaram o mercado muito sensível ao risco de uma mudança brusca na comunicação do colegiado na tentativa de reconquistar a confiança dos agentes de que o Banco Central conseguirá resgatar a meta de inflação. No Boletim Focus desta segunda-feira, a mediana de IPCA para o ano que vem voltou a piorar, ainda que marginalmente, passando de 3,80% para 3,81%.
De acordo com ele, a curva precifcava nesta tarde entre 90% e 95% de chance de alta de 1 ponto porcentual para a Selic na quarta-feira e entre 10% e 5% de chance de elevação de 1,25 ponto. Já o Copom de setembro, a probabilidade de aumento de 1,25 ponto sobe para 40%, contra 60% de chance de 1 ponto.
Por Denise Abarca
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