Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com – Com lucro líquido de R$ 174 milhões no segundo trimestre, alta de 6.556% em relação ao mesmo período do ano passado, a Movida (SA:MOVI3) reportou resultado recorde na noite de quarta-feira (28).
A expectativa, porém, é de crescimento ainda mais acelerado para os próximos trimestres. Além de último semestre do ano ser, tradicionalmente, favorável para a companhia, algumas particularidades de 2021 podem somar.
Edmar Lopes, CFO da Movida, explica: “Há a questão da vacinação, e a saída da pandemia, com a economia se recuperando. As pessoas vão circular. Há também uma perspectiva de que o fluxo de carros das montadoras fique mais constante, o que permite crescer em um ritmo forte daqui para frente. Estamos otimistas e confiantes.”
Entre outros números do balanço, a companhia registrou receita líquida de R$ 1,211 bilhão, Ebitda consolidado de R$ 388 milhões, com margem de 32,1%, e frota total de 134 mil carros. Chama atenção ainda o forte caixa, de R$ 3,4 bilhões.
Os destaques dos últimos meses, porém, vão além dos números. A aprovação da combinação de negócios entre a Movida e a CS Frotas, anunciada nesta semana, deve possibilitar sinergias, ganhos e uma nova avenida de crescimento para a locadora de veículos, segundo Lopes.
Confira a seguir a entrevista completa com Edmar Lopes, CFO da Movida.
Investing.com Brasil – Quais são os principais destaques do balanço do segundo trimestre?
Edmar Lopes – O primeiro é o resultado da Movida sozinha. Saímos da pandemia muito bem, ganhando força, o que resultou neste lucro, que veio forte em todos os meios de negócio. O RAC (aluguel para pessoas físicas) veio bem, apesar de termos tido restrição de mobilidade em abril. O segmento de gestão de frotas (GTF) continua crescendo, muito baseado na pessoa física, por meio do produto de assinatura. Em seminovos os preços dos carros subiram muito. Isso tudo trouxe um lucro recorde do ponto de vista de todas as linhas: receita, Ebitda, Ebit, lucro…. Já estaríamos muito felizes se fosse só isso.
Dois dias atrás, na última segunda-feira, houve uma assembleia para incorporação da CS Frotas. Foi uma transição entre partes relacionadas, portanto uma transação muito delicada, que acabou tendo aprovação unânime, o que é muito importante, pois legitima a operação. A transação está muito alinhada com nossa estratégia de crescer em GTF. Fomos dormir com 134 mil carros e acordou com 151 mil.
Inv.com – Falando da Movida sozinha, o que explica esse crescimento?
EL – No RAC, a pandemia fez a gente ver outros usos, outros mercados. Estamos alugando mais para pessoa física no modelo de aluguel mensal na loja, isso é fato. As pessoas estão fazendo mais turismo terrestre e isso nos beneficia, mesmo que não tenha todo o tráfego aéreo de volta. Temos tido altas temporadas muito boas, porque as pessoas querem se movimentar. No GTF é um aprofundamento de uma tendência que já tinha começado no RAC, de alugar carros no curto ou no longo prazo
Na parte de seminovos temos conjuntura favorável, com as montadoras ainda sofrendo em termos de produção. O mercado está com uma oferta abaixo da real necessidade e o preço do carro subiu, por diferentes motivos. E o seminovo tem uma relação muito forte com o carro novo, ele anda junto. Achamos que o fornecimento só irá se regularizar em 2022, Por outro lado, recebemos 23 mil carros no trimestre, porque nossa base diversificada de fornecedores tem permitido que a gente cresça e faça a renovação da frota.
Inv.com – Sobre a combinação com a CS: quais são as sinergias e os ganhos esperados?
EL – O dado mais importante é que passamos a participar do mercado público, que cresce muito, com a CS Frotas, que é um veículo líder. Isso é muito importante e gera alternativas de crescimento em um segmento de alta rentabilidade. Em segundo lugar, já fazemos muita coisa juntos, como a compra de veículos. Basicamente, a maior sinergia que enxergamos é a possibilidade de vender os carros da CS Frotas a partir da rede da Movida, seja nas lojas de seminovos ou através dos canais de atacado que temos. A grande sinergia é estar junto e a questão da venda é o que vai fazer mexer o ponteiro. Tem outras sinergias do tipo: contrato de manutenção, otimização de bases… muito do lado operacional.
Inv.com – Sobre o caixa: há aquisições em vista, algum plano de investimento, ou é uma segurança?
EL – Primeiro é a questão da segurança em um cenário que ainda está volátil, continuamos preparando dívida e melhorando o nosso perfil. Preferimos ser conservadores nessa instância, isso ajuda a execução do plano de crescimento. Mas o crescimento é fundamentalmente orgânico. Por exemplo: compramos no trimestre uma empresa de dois mil carros, e compramos 23 mil carros no trimestre. São escalas são muito distintas. São poucas as oportunidades e olhamos tudo, mas nosso crescimento virá do orgânico.
Inv.com – O que vocês esperam para os próximos trimestres? Mais recordes?
EL – Sim, com toda a cautela que nós temos. Historicamente, o segundo semestre é melhor para a economia brasileira em geral, e para nós também. No terceiro trimestre tem julho e no quarto trimestre tem dezembro, temporadas que nos ajudam no geral.
Esse ano ainda tem duas coisas: a questão da vacinação, e a saída da pandemia, com a economia se recuperando. As pessoas vão circular. Há também uma perspectiva de que o fluxo de carros das montadoras fique mais constante, o que permite crescer em um ritmo forte daqui para frente. Estamos otimistas e confiantes.
Inv.com – A maior aposta continua sendo o aluguel para pessoa física de longo prazo?
EL – Sim. Pessoa física é o nosso foco. Crescemos o RAC para julho, para a alta temporada, porque entendemos que a marca precisa ser forte em todos os seus produtos. Se você hoje nos conhece no serviço de curto prazo, amanhã você pode nos considerar para o serviço de longo prazo. Essa é a correlação. Esse produto de contrato de longo prazo para pessoa física cresce bastante. É a nossa maior alavanca de crescimento para os próximos anos como produto isolado.
Matéria originalmente publicada em Investing.com
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