Mercados

Descolado do exterior, Bolsa cai; perde 0,9% em julho

Em dia de juros e dólar tendendo para baixo, com retomada de apetite por risco no exterior, o Ibovespa operou em via própria, alternando ganhos e perdas nas últimas seis sessões, que o mantêm agora, faltando apenas a sexta-feira para o encerramento do mês, na mesma casa de 125 mil pontos em que havia iniciado julho. Hoje, descolado de ganhos de até 0,44% em Nova York (Dow Jones), o índice da B3 fechou em baixa de 0,48%, a 125.675,33 pontos, entre mínima de 124.917,27 e máxima de 126.475,63, saindo de abertura aos 126.285,20 pontos.

Após ter ficado acima de R$ 30 bilhões ontem, o giro financeiro voltou a se enfraquecer, a R$ 27,9 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa avança 0,50%, limitando a perda de julho a 0,89% que, caso se confirme amanhã, será a primeira desde fevereiro – após retração no primeiro bimestre, o índice subiu de março a junho. No ano, o Ibovespa acumula ganho de 5,59%.

Hoje, o PIB abaixo do esperado para os Estados Unidos no segundo trimestre combinou bem com o tom ‘dovish’ de ontem do Federal Reserve, mantendo sobre a mesa o cenário de liquidez ampla que, temia-se, poderia começar a ser revertido na eventualidade de aquecimento econômico e da inflação. Aqui, a perspectiva ainda é de avanço para a Selic até o fim do ano – o Copom volta a se reunir na próxima semana -, o que afeta o apetite por ações, com o mercado optando nesta quinta-feira por realizar lucros à medida que bons resultados trimestrais, como os de Vale (ON -1,47%) e Ambev (ON -1,15%), vão se confirmando.

“Nomes de peso, como Vale e Ambev, operaram hoje em queda mesmo após a divulgação de resultados surpreendentes no segundo trimestre. Apesar de recorde, Vale trouxe números bem em linha com os que haviam saído no relatório de produção. Da mesma forma, Ambev, com segundo trimestre bem robusto, apresentando recuperação muito forte da receita líquida, mas o mercado está de olho nas pressões de custo, que afetaram bastante as margens da empresa – que depende de trigo, uma commodity dolarizada”, diz Victor Licariao, líder em produtos e alocação de renda variável da Blue3.

“O mercado hoje destoou do exterior, realizando no fato, ainda de olho nos bons resultados das empresas que vêm reportando, como os excelentes (números) apresentados pela Vale – sobe no boato, cai no fato. Em contrapartida, o setor siderúrgico, que estava um pouco depreciado com todos esses temores externos, teve uma reviravolta e hoje despontou, também com base em resultados a serem divulgados aí pra frente. Ontem, o setor de bancos subiu, com os resultados do Santander, e hoje realizou um pouco, em movimento natural”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, que acredita em melhora adiante.

Na ponta do Ibovespa, CSN ON fechou esta quinta-feira em alta de 5,62%, à frente de Multiplan (+5,36%), de Iguatemi (+3,27%) e de Usiminas (+3,22%). Na face oposta, Pão de Açúcar cedeu 7,40%, Cogna, 2,88%, WEG, também 2,88%, e Totvs, 2,50%. Entre as blue chips, Petrobras PN subiu 0,36% e a ON cedeu 0,39%, enquanto a realização de lucros prevaleceu entre as ações do setor financeiro, com destaque para Banco do Brasil ON (-1,58%), Bradesco PN (-0,96%) e Unit do Santander (-1,44%).

“Há uma correção natural no curto prazo, com muitas questões pendentes para agosto, como as reformas no Congresso e a definição do Bolsa Família, tanto em valor como em número de beneficiários. O cenário é favorável para este semestre, com IPOs que tendem a trazer fluxo externo de volta para as ações, além da retomada econômica, que deve ganhar fôlego com a sinalização da suspensão de restrições sociais a partir de agosto, favorecendo o desempenho de ações como as do setor de varejo físico”, diz Thiago Loiola Reis, diretor da mesa de renda variável do Prosperidade, escritório ligado ao BTG Pactual.

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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