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BC: estoque total de crédito sobe 0,9% em junho ante maio, para R$ 4,213 trilhões

O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,9% em junho ante maio, para R$ 4,213 trilhões, informou nesta quarta-feira, (28), o Banco Central (BC). Em 12 meses, houve alta de 16,3%. Os números são influenciados pelos efeitos da segunda onda da pandemia de covid-19, que voltou a colocar em isolamento social parte da população e reduziu a atividade das empresas. Em junho ante maio, houve alta de 1,5% no estoque para pessoas físicas e elevação de 0,1% no estoque para pessoas jurídicas.

De acordo com o BC, o estoque de crédito livre avançou 1,3% em junho, enquanto o de crédito direcionado apresentou alta de 0,3%. No crédito livre, houve alta de 1,6% no saldo para pessoas físicas no mês passado. Para as empresas, o estoque avançou 1,0% no período.

O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 52,7% para 52,6% na passagem de maio para junho.

O estoque das operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceu 1,2% em junho ante maio, totalizando R$ 759,055 bilhões, informou o Banco Central. Em 12 meses até junho, o crédito para habitação no segmento pessoa física subiu 13,8%.

Já o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física subiu 0,9% em junho ante maio, para R$ 229,021 bilhões. Em 12 meses, houve alta de 11,9%.

Setores

O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro subiu 1,1% em junho ante maio, para R$ 12,549 trilhões. O montante equivale a 156,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, conforme dados agora divulgados Banco Central.

O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.

No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado cedeu 1,1% em junho ante maio, para R$ 4,264 trilhões. O montante equivale a 53,2% do PIB.

Já o saldo de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas teve baixa de 1,2% em junho ante maio, somando R$ 375,029 bilhões, informou o BC. Em 12 meses, a queda acumulada é de 3,4%. Em junho, houve baixa de 0,8% nas linhas de financiamento agroindustrial do BNDES, queda de 1,2% no financiamento de investimentos e recuo de 1,1% no saldo de capital de giro.

Endividamento das famílias bate recorde

A crise econômica trazida pela pandemia de coronavírus fez o endividamento das famílias bater novo recorde no Brasil. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que, em abril, o endividamento das famílias com o sistema financeiro chegou aos 58,5%. Este é o maior porcentual da série histórica, iniciada em janeiro de 2005.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas bancárias dividido pela renda das famílias no período de 12 meses. Como incorpora dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE, o porcentual possui certa defasagem. Por isso o resultado divulgado hoje é de abril.

Se forem descontadas as dívidas imobiliárias – que geralmente abarcam um montante considerável da renda das famílias – ainda assim o endividamento ficou em níveis elevados, de 36,0% em abril. O porcentual também é recorde para a série histórica.

Em função da pandemia, muitas famílias brasileiras têm tido dificuldades para fechar as contas. Uma consequência disso é a procura maior por crédito, com consequente aumento do endividamento. Para se ter uma ideia, em abril do ano passado – no segundo mês da pandemia – o endividamento total das famílias estava em 49,2%, um porcentual 9,3 pontos porcentuais menor que o visto em abril deste ano.

Os dados do BC mostram ainda dificuldades para as famílias pagarem as obrigações mensais dos empréstimos e financiamentos bancários. O comprometimento da renda mensal com essas dívidas ficou em 30,5% em abril – mesmo porcentual registrado desde fevereiro deste ano. Em abril do ano passado, estava em 30,4%, mas antes da pandemia do novo coronavírus girava abaixo dos 30%.

Se o financiamento imobiliário for excluído da conta, o comprometimento da renda ficou em 28,0% em abril, ante 27,9% em abril do ano passado.

Rotativo do cartão

Em meio às dificuldades das famílias para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito caiu 2,2 pontos porcentuais de maio para junho. A taxa passou de 329,7% para 327,5% ao ano.

Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia de covid-19, que mantém em isolamento social parte da população. O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 164,4% para 164,1% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 61,9% para 61,4%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado. Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas famílias estão enfrentando redução de renda, na esteira da pandemia.

Crédito livre

Em meio à pandemia, as concessões dos bancos no crédito livre subiram 5,0% em junho ante maio, para R$ 377,3 bilhões. Nos 12 meses até maio, a alta também foi de 5,0% e, no primeiro semestre deste ano, o avanço foi de 13,5%. Estes dados, apresentados hoje pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números são influenciados pelos efeitos da segunda onda da pandemia de covid-19, que voltou a colocar em isolamento social parte da população e reduziu a atividade das empresas.

Com as dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas em meio à pandemia, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 3,0% para 2,9% de maio para junho, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,1% para 4,0% no período. No caso das empresas, a taxa passou de 1,7% para 1,6%. A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) continuou em 1,4% na passagem de maio para junho. Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência se manteve em 2,3% em junho.

Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

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Estadão Conteúdo

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