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Cautela externa com global e político empurram Ibovespa para baixo

Depois do tom positivo, o exterior reforça cautela com o cenário global e segue indefinido nesta quinta-feira, (22). Este quadro impede o Ibovespa de tentar nova alta, após subir 0,42%, fechando aos 125.929,25 pontos, na véspera. Apesar da safra de balanços nos EUA seguir apontando para recuperação da economia mundial, há certa parcimônia, à medida que há muitas dúvidas em relação aos efeitos da variante delta de covid-19 sobre a recuperação econômica global. Às 10h43 desta quinta, o Ibovespa caía 0,16%, aos 125.733,18 pontos, enquanto nos EUA, o sinal era misto: Nasdaq subia 0,33%, assim como S&P tinha elevação de 0,07%. Já o Dow Jones caia 0,03%. Na Europa, fora Londres que cedia 0,31%, as demais bolsas subiam.

O quadro de cautela foi reforçado após a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, iniciar a entrevista depois que a instituição manteve sua política monetária. Porém, o BCE avaliou que pode haver períodos passageiros de inflação. Agora, a expectativa é saber se Lagarde dará sinais sobre o rumo da política monetária, especialmente diante dos temores relacionados ao crescimento econômico mundial por conta da variante delta de covid-19.

Em suas primeiras palavras, ela disse que o BCE discutiu as implicações do novo “forward guidance” nas taxas de juros. Afirmou que a pandemia de covid-19 continua deixando uma sombra na economia, sobretudo com a variante delta. Já nos EUA, saíram os dados de auxílio-desemprego dos EUA, que subiram a 51 mil na semana, a 419 mil, ante previsão 350 mil. O índice de atividade nacional dos Estados Unidos elaborado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago caiu de 0,26 em maio para 0,09 em junho.

A moderação internacional se junta a uma certa parcimônia do investidor local em relação a questões internas, como as envolvendo a reforma tributária e mudanças ministeriais, que deveriam ser anunciadas na segunda-feira, mas que já estão sendo antecipadas hoje pelo presidente Jair Bolsonaro.

A força que o Centrão tende a ganhar no governo com mudanças em ministérios pode amainar os riscos políticos, porém tende a incomodar dadas as incertezas sobre a agenda de reformas. Neste sentido, ganha ainda mais relevância a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em live sobre o assunto.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas, deve ir para a Casa Civil, visando fornecer maior suporte ao governo, em um momento de crescente dificuldade, destaca em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, movimentações nos ministérios são acompanhadas, com a provável ida do. No entanto, pondera que isso ainda não deve fazer preço.

De todo modo, os ruídos políticos têm pesado nos negócios não é de hoje, como observa Thiago Loiola Reis, diretor da Mesa de Renda Variável do Prosperidade, escritório plugado ao BTG Pactual. Esses incômodos, avalia, tendem a afugentar o investidor do mercado local, especialmente o estrangeiro. “Faz com que o nível de confiança no Brasil diminua”, diz, ponderando, contudo, que os investimentos internos ainda devem continuar atraentes, dado que as bolsas americanas já subiram muito.

Desde o dia 13, o investidor do exterior vem retirando recursos da B3. Na terça-feira (20), o fluxo ficou negativo em R$ 755,593 milhões, elevando o total de saídas no mês a R$ 5,457 bilhões. Contudo, no ano, o saldo ainda é positivo e está em R$ 42,549 bilhões.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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