Jeff Bezos estourou uma champanhe após o sucesso do voo da Blue Origin. Esse clima de festa, porém, é uma novidade: no livro “Amazon sem Limites” (Editora Intrínseca), o editor da Bloomberg News Brad Stone conta que durante anos a empresa foi vista como retardatária no império do bilionário. Ele falou ao Estadão por videoconferência e analisou o feito e momento do bilionário.
A viagem marca um novo momento para a Blue Origin?
O futuro da Blue Origin não é a New Shepard, e sim a New Glenn e programas orbitais. A empresa precisa se provar como fornecedora para o governo dos EUA e também para outros parceiros comerciais. O futuro para a Blue Origin não é ser apenas um projeto que Jeff Bezos está financiando, mas se tornar uma companhia como a SpaceX, que é independente e avança por conta própria.
Que mensagem a Blue Origin envia para a rival SpaceX?
O sucesso da Blue Origin com esse voo não impacta a SpaceX e o Elon Musk em nada. São negócios diferentes: é um segmento de voo suborbital, e ainda faltam resultados para a Blue Origin conquistar contratos com viagens orbitais e missões para Lua e Marte.
Foi uma surpresa Jeff Bezos embarcar neste voo?
Fiquei um pouco surpreso porque pareceu um risco. Foi a primeira viagem da New Shepard com humanos, o que é um voto de confiança extraordinário no time dele e na nave. Ele esperou e deixou o cargo de CEO na Amazon antes de viajar: claramente havia um sentimento de que a ideia não seria bem recebida por investidores da empresa se ele viajasse ainda como CEO.
O sr. diz que Bezos deixou de ser só um “nerd” para se tornar um grande CEO, empreendedor de exploração espacial e monopolista. O que explica essa mudança?
Acho que ele gosta de ter novas experiências. E o mundo se abriu para ele: o sucesso da Amazon e o crescimento de sua riqueza foi como um “passe livre” para novas experiências. Ele também começou a ser convidado e, inclusive, a promover festas anuais de Hollywood. Ao passo que seus olhos se abriram para um mundo maior, ele começou a gostar desse estilo de vida – e, por causa disso, deixou de ser uma pessoa obsessivamente focada na Amazon.
Como essa transformação impactou a Blue Origin?
Ao se tornar o homem mais rico do mundo, Bezos passa a ser mais um visionário e inventor do que um operador de uma empresa de varejo. Ser um pioneiro do espaço era importante para ele – e Elon Musk o eclipsou. Eu descrevo no livro como Bezos aumentou as ambições e a urgência na Blue Origin em grande parte para bater de frente com a SpaceX.
A saída de Jeff Bezos é uma forma de a Amazon melhorar sua imagem?
É provável. Quando Bezos fala em nome da Amazon – em um depoimento diante de reguladores, por exemplo -, ele carrega muita bagagem. É a pessoa mais rica do mundo, que personifica a desigualdade de renda. E, verdade seja dita, Bezos é a mente por trás de várias políticas da Amazon, de táticas de negócio e do tipo de relação com os funcionários. Andy Jassy representa uma figura completamente diferente: ele é mais humilde e não é a pessoa mais rica do mundo. Jassy também tem um pouco mais de credibilidade porque não é o responsável pela forma como a Amazon operou nos últimos anos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Giovanna Wolf
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