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Entrevista: Os planos da Via para abrir 120 lojas no “ano do marketplace”

Retomando o plano de expansão de lojas, a Via (VVAR3), varejista dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, tem o objetivo de inaugurar 120 novas lojas até o fim do ano, e com isso reforçar sua oferta de produtos no marketplace, em uma estratégia omnichannel (convergência de todos os canais utilizados), cujos pilares são a tecnologia e os serviços financeiros, afirmou a diretora de Relações com Investidores da Via, Daniela Bretthauer, em entrevista ao Mercado News.

“Consideramos este o ano do marketplace na companhia”, contou Bretthauer sobre a plataforma que possui, atualmente, 26 mil sellers (vendedores) e 24 milhões de SKUs (unidades de manutenção de estoque). De acordo com ela, há projetos focados na aceleração do onboarding (integração) da plataforma, disponibilização do crediário digital (CDC) para compras no marketplace e recém-lançada parceria com a NocNoc, oferecendo mais de 70 mil produtos dos Estados Unidos e China.

A executiva diz que a empresa tem uma posição de caixa “muito confortável” e que as portas estão abertas para inovação: “Além de uma agenda dedicada a oportunidades de M&A (fusões e aquisições), vamos nos relacionar, nos associar, investir e acelerar quem puder transformar o nosso negócio.”

A seguir, leia a entrevista completa:

A Via passou por uma transformação digital. Há estratégias novas sendo empregadas para atender a demanda gerada pelo crescimento do e-commerce?

Sem dúvida! O varejo brasileiro apresenta grande potencial de crescimento e o e-commerce apesar de ter avançado bastante por conta da pandemia tem uma participação de cerca de 10% do varejo total, representando ainda um pequeno percentual do varejo brasileiro e o seu crescimento daqui em diante necessariamente passará pelo território que a Via domina. Nesse imenso Brasil, ninguém pode chegar tão perto, tão rápido e com tantas soluções para o cliente e para os parceiros como a Via.

Nossa oferta de soluções financeiras retroalimentam o ecossistema Via, aumentam o poder de compra do brasileiro, abrem novos canais de conexão, reduzem o custo de transação e aumentam a recorrência, a fidelização e o lifetime value do cliente (LTV). Além disso, adicionamos camadas de tecnologia em diversas frentes com o objetivo de acelerar processos de logística e a entrada de lojistas parceiros em nossas plataformas de marketplace. Dessa forma, ampliamos nosso sortimento de produtos e ultrapassamos os limites das lojas físicas para que os vendedores também ofertem produtos do online em seu relacionamento com o consumidor.

Os primeiros resultados desta transformação já começam a aparecer. A execução disciplinada de nosso plano estratégico de negócios resultou em alta de 27% a/a em nosso GMV bruto (volume bruto de mercadoria, aqui combinando todo volume transacionado nas lojas físicas e no online) que somou R$ 10,3 bilhões. As vendas digitais representaram 56% do GMV total no primeiro trimestre de 2021 comparado a 33% em igual trimestre de 2020. Crescemos nossas vendas online acima do mercado pelo sexto trimestre consecutivo e alcançamos market share de 16,7% até o dia 10 de maio de 21 (Compre & Confie), um aumento de cerca de 9 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2019, que marca o primeiro trimestre sob a nova direção.

Quais os principais pilares do projeto de acelerar o marketplace, inclusive no âmbito internacional?

Tecnologia e serviços financeiros foram os grandes pilares de transformação das nossas plataformas de marketplace. Consideramos este o ano do marketplace na companhia com projetos focados na aceleração do onboarding da plataforma, lançamento de serviços logísticos para lojistas, disponibilização do crediário digital para compras no marketplace, integração entre físico e online na oferta pelos vendedores e a recém-lançada parceria com a NocNoc para oferta de mais de 70 mil produtos, de diferentes categorias, dos Estados Unidos e China. Atualmente, são 26 mil sellers e 24 milhões de SKUs na plataforma.

Há algum projeto de expansão orgânica no momento (para Casas Bahia ou Ponto)?

Neste ano, retomamos o nosso plano de expansão de lojas. A ideia é realizar uma otimização do portfólio de lojas com fechamento de lojas de baixa produtividade e inaugurar 120 novas lojas até o fim do ano. Até este mês já foram inauguradas 20 novas lojas nas regiões Sul, Norte e Nordeste. Essa expansão reforça também a oferta de produtos do marketplace em uma estratégia omnichannel e a nossa estrutura logística por meio de mini-hubs e apoio para logística de última milha.

Qual o recado da empresa em relação ao consumo de caixa? Este foi um ponto que chamou a atenção de analistas no resultado do primeiro trimestre.

Atualmente, estamos em uma posição de caixa muito confortável. A oferta de ações realizada em 2020 foi fundamental para dar mais robustez a nossa estrutura de capital e garantir a continuidade dos negócios. Reabrimos o mercado de capitais com esta oferta de follow-on (subsequente de ações) que recebeu o prêmio de melhor follow-on de 2020 pela Latin Finance.

O que mais está no radar da empresa em termos de M&A de startups ou techs? Qual é o próximo passo?

Estamos com as portas abertas à Inovação. Além de uma agenda dedicada a oportunidades de M&A, vamos nos relacionar, nos associar, investir e acelerar quem puder transformar o nosso negócio. Já operamos em ciclos mais curtos para ter inovação contínua.

Assim como a Via, nossa área de Tecnologia foi rebatizada e agora se chama Via Hub, seguindo o que há de mais moderno no varejo mundial: computação em nuvem, mentalidade de plataforma aberta, adoção de metodologias ágeis e descentralizadas. São mais de 300 projetos sendo executados e planejados para serem entregues em 2021. Temos ainda oportunidades de expansão inorgânica com foco em soluções externas para encurtar caminhos: foco em tecnologias e capital humano (como foi o caso da I9XP), para acelerar principalmente nossa estratégia de marketplace, soluções financeiras e logística

No final de abril, lançamos o Via Next, programa de relacionamento com as startups de todo o Brasil. O Via Next vai captar e eleger projetos para futuros investimentos em retailtech, fintech, logtech e martech. Adicionalmente, anunciamos um Corporate Venture Capital com um valor inicial de até R$ 200 milhões de investimento em startups nos próximos 5 anos.

Quais as expectativas para o setor de varejo físico, com a reabertura da economia?

Na Via, acreditamos no poder das lojas físicas integradas à omnicanalidade, não é uma questão de escolha, mas de soma. Com base na estratégia para os próximos anos, estimamos que cerca de 2/3 do seu GMV total em 2025 deve ser oriundo dos canais digitais e 1/3 de vendas do offline, ou seja, de lojas físicas.

Enxergamos a loja física além de um ponto de venda, mas sim como um local de experimentação de produtos, relacionamento com o vendedor, uma agência bancária com os serviços do banQi, nossa carteira digital, e apoio logístico para vendas online. De acordo com nosso último balanço de resultados do primeiro trimestre de 2021, cerca de 50% dos pedidos online passaram pelas lojas físicas, por meio da entrega de última milha ou sendo retirado pelo cliente diretamente. Dessa forma, seguimos expandindo nossas lojas físicas em todo o país com o objetivo de ampliar nossa melhor experiência de compra para nossos consumidores.

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Ana Macedo

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