Depois de testar os 123 mil pontos, o Ibovespa tenta recuperar os 124 mil pontos, mas tem dificuldade, dado o mau humor global. Mais cedo, a mínima alcançada foi de 123.859,93 pontos. A última vez que o índice ficou neste nível fora no dia 26 de maio, quando fechou aos 123.989,17 pontos.
Às 11h13 desta segunda-feira, (19), o Ibovespa tinha recuo de 1,66%, aos 123.871,05 pontos, após máxima aos 125.958,07 pontos, enquanto em Nova York as bolsas caiam entre 1,70% e 2,00%. Na Europa, as bolsas têm perdas expressivas neste horário, com destaque para a de Londres, com retração perto de 3,50% nesta manhã, em dia de reabertura da economia do Reino Unido. Depois de subir para a faixa de R$ 5,20, o dólar reduzia alta a 1,20%, para R$ 5,177 no horário citado acima.
Por trás do mau humor mundial estão crescentes preocupações com a disseminação da variante Delta no mundo – altamente contagiosa. Se a queda do Ibovespa prevalecer até o encerramento do pregão, será o terceiro dia de desvalorização. Depois de cair 0,73% na quinta-feira, encerrou com declínio de 1,18% no dia seguinte, aos 125.960,26 pontos.
No Brasil, há registro de pelo menos 97 casos de infecção pela variante Delta, dos quais cinco resultaram em mortes, conforme o Ministério da Saúde.
O temor, ressalta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, é que o aumento de temores relacionados à variante Delta de coronavírus leve ao fechamento de atividade em algumas regiões e países do planeta, a despeito da redução no número de internações e de pessoas mortas pela doença no mundo e também no Brasil.
Mesmo com este temor, Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset, pondera que os mercados podem sofrer menos do que quando a pandemia começou, no início do ano passado. “Parece que agora os ativos estão tendo pela primeira vez uma reação um pouco mais forte. Contudo, acredito que não deve ser um movimento como o visto em 2020, dado que os mercados e as economias estão mais preparados. Naquela ocasião, ninguém sabia precificar. Agora, não é o caso”, afirma.
Em meio a este quadro, a aversão a risco é ainda influenciada pelo acordo da Opep+, de continuar com o aumento gradual da produção da commodity, em meio à retomada da demanda global e alta nos preços.
A despeito deste temor, a aversão a risco pode ser passageira, avalia Viviane Vieira, equity sales trader da B.Side Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual. Segundo ela, a liquidez global ainda deve continuar farta, o que pode atenuar esse mau humor na Bolsa. “Podemos imaginar o Ibovespa muito mais lateral no curto e médio prazos”, estima.
No entanto, sem dúvida hoje, diz, as ações que mais devem sofrer serão aquelas ligadas ao setor de commodities, caso de Vale e Petrobras. “Isso deve pesar, e o Ibovespa abrir com uma correção em torno de 1%. Porém, pode amenizar ao longo do dia, a depender do noticiário”, pondera.
A despeito disso, alerta que o quadro inflacionário também continua preocupante no Brasil. Segundo Viviane, o investidor ficará atento para tentar entender se essa dinâmica inflacionária é provisória ou permanente. “Nos EUA, os dados recentes de inflação vieram fortes por causa da venda de veículos usados, mas, com a volta da economia, tende a se estabilizar”, estima.
Apesar das preocupações envolvendo a pandemia, o Estado de São Paulo deve reduzir as restrições impostas pela fase emergencial de combate à covid-19, em vigor até o dia 31, a partir de 1º de agosto, informa Lauro Jardim do jornal O Globo.
Enquanto o petróleo cai na faixa de 4% no exterior, o minério de ferro negociado em Qingdao, na China, fechou em baixa de 0,18%, ainda assim as ações do segmento cediam entre 2% e 3%. Em entrevista ao Estadão Broadcast, o presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo, disse que “quando o ciclo do minério terminar, a Vale continuará bem posicionada”. Às 11h11, Vale ON caía 2,43.
Além disso, o recuo na produção de petróleo em junho no Brasil pode influenciar negativamente as ações da Petrobras. Os papéis PN e ON da estatal cediam 2,40%.
O investidor ainda fica de olho nas ações da nova empresa (AMER3). A companhia nasceu da combinação operacional das Lojas Americanas e B2W, que começam a ser negociadas hoje na B3.
Em tempo: no último dia 15, o investidor estrangeiro retirou R$ 951 milhões da B3.
Por Maria Regina Silva
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