As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta sexta-feira, 16, após uma piora inesperada no sentimento do consumidor dos Estados Unidos, em parte devido à recente alta da inflação. Os principais índices acionários americanos chegaram a ganhar força com um avanço das vendas no varejo em junho, mas o movimento foi revertido após a divulgação do dado de confiança.
No fechamento, o Dow Jones caiu 0,86%, a 34.687,85 pontos, o S&P 500 recuou 0,75%, a 4.327,16 pontos, e o Nasdaq cedeu 0,80%, a 14.427,24 pontos. Na comparação semanal, as perdas foram de 0,52%, 0,97% e 1,87%, respectivamente.
“O clima otimista em Wall Street se reduziu um pouco depois que o sentimento medido pela Universidade de Michigan caiu significativamente, enquanto a inflação subiu acentuadamente em todas as áreas”, diz o analista de mercado Edward Moya, da Oanda.
Divulgado hoje pela instituição educacional, o índice de sentimento do consumidor americano caiu de 85,5 em junho para 80,8 na leitura preliminar de julho. Analistas consultados pelo Wall Street Journal previam um avanço a 86,3.
Para o economista Andrew Hunter, da Capital Economics, o dado “tirou o brilho” do resultado do varejo e forneceu mais evidências de que o aumento da inflação têm tido efeito sobre os gastos reais. Isso porque a expectativa inflacionária no curto prazo, um dos componentes do índice, subiu de 4,2% para 4,8%.
Antes da virada nas bolsas, prevalecia no mercado o otimismo com as vendas no varejo, que subiram 0,6% em junho ante maio, segundo relatório publicado hoje pelo Departamento do Comércio. A previsão de analistas era de uma queda de 0,4% no período.
“Além da reabertura, o excesso de poupança do consumidor, os efeitos positivos de riqueza e a melhoria do mercado de trabalho devem apoiar aumentos sólidos nos gastos dos consumidores no segundo semestre”, avaliaram economistas da corretora americana LPL Financial.
No S&P 500, o subíndice do setor de energia liderou as perdas (-2,77%). As ações das petroleiras Chevron e ExxonMobil recuaram 2,65% e 2,77%, respectivamente, em meio à volatilidade no preço do barril de petróleo.
Os papéis da Moderna, por sua vez, subiram 10,30% em reação ao anúncio de que a farmacêutica passará a integrar o S&P 500.
Nos últimos dias, teve início a temporada de balanços do segundo trimestre. Os primeiros a divulgar os resultados corporativos foram os bancos. “Os balanços desta semana foram em geral positivos, mas a atenção agora está mudando para o que vem a seguir em termos de perspectivas, e aqui a imagem é menos clara”, afirma o analista-chefe de mercados da CMC Markets, Michael Hewson.
Também devem continuar no radar dos investidores as perspectivas para a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e as tensões geopolíticas entre os EUA e a China. Hoje, o governo Joe Biden alertou empresas americanas que operam em Hong Kong para “crescentes riscos” associados a medidas tomadas por Pequim no território semiautônomo.
Por Iander Porcella
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