Após três sessões consecutivas de alta nas taxas, o mercado de juros encontrou no ambiente externo e na queda inesperada do IBC-Br de maio razões para um ajuste em baixa, que perdurou até o fechamento dos negócios. Lá fora, as sinalizações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso, de manutenção dos estímulos monetários mesmo diante de mais um índice de preços – desta vez no atacado – acima das estimativas, favoreceram ativos de risco, levando o dólar abaixo dos R$ 5,10. No caso do IBC-Br, por mais que a frustração com o resultado tenha sido atribuída aos desafios da dessazonalização trazidos pela pandemia, o recuo do índice em maio, ante consenso de alta, serviu de pretexto para aparar posições mais conservadoras.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 5,77%, de 5,854% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,409% para 7,28%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,26%, de 8,435% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 8,66%, de 8,853%.
No Brasil, se o dólar em baixa pode dar uma trégua aos preços, a crise hídrica e uma retomada mais forte da economia se mantêm como desafios para o Banco Central recolocar as expectativas de inflação nas metas. Desse modo, diante da mediana das estimativas de alta de 1,05%, a queda de 0,43% do IBC-Br em maio surpreendeu ao ir na contramão do bom desempenho dos indicadores de atividades nas pesquisas do IBGE.
Numa avaliação mais racional, houve consenso de que o resultado foi influenciando por questões associadas ao processo de dessazonalização e à volatilidade das séries.
Para os economistas do Banco Original Marco Antonio Caruso e Lisandra Barbero, a frustração foi resultado de dificuldades envolvendo os ajustes sazonais durante a pandemia e não de uma alteração significativa da tendência de recuperação da atividade nos próximos meses. “A surpresa negativa não foi suficiente para alterar a mensagem de crescimento da atividade econômica no segundo trimestre de 2021”, disseram.
Na reta final da sessão regular, as taxas bateram mínimas. Além dos fatores citados acima, o mercado passou a monitorar com mais atenção o noticiário em torno do presidente Jair Bolsonaro, que foi internado na madrugada com dores abdominais e está sendo trazido para São Paulo, onde fará exames que mostrarão se o caso exige procedimento cirúrgico.
Na avaliação dos players, o fato de presidente estar dedicado agora a tratar de sua saúde tende a reduzir os níveis de ruído político.
Por Denise Abarca
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