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Juros: Exterior, serviços e reforma do IR impulsionam taxas

Os juros fecharam a terça-feira em alta, mais acentuada nos vencimentos longos, refletindo a grande influência do ambiente externo sobre a curva local. Pela manhã, as taxas já subiam em função da inflação americana acima do esperado e do bom desempenho mostrado pelo setor de serviços em maio, além do leilão de NTN-B com oferta absorvida integralmente. À tarde, o movimento ganhou força com o aumento da pressão nos Treasuries, por sua vez, em reação ao leilão de T-Bonds de 30 anos. O parecer da reforma do Imposto de Renda (IR), apresentado hoje pelo relator Celso Sabino (PSDB-PA), esteve em segundo plano, mas a perda de arrecadação gerada pelos cortes nas alíquotas, a princípio, traz desconforto pelo lado fiscal.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,84%, de 5,829% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,329% para 7,44%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,43%, de 8,375%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 8,773% para 8,85%.

O spread entre os DIs para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 avançou de 295 pontos-base ontem para 301 pontos. O exterior respondeu, em boa medida, pelo ganho de inclinação na curva, inicialmente com o índice de inflação ao consumidor nos EUA que subiu 0,9% em junho, levando a inflação anual a 5,4%, maior nível desde 2008, e depois com a disparada dos yields dos Treasuries. A percepção é de que o resultado do CPI pode antecipar os planos de retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve e, até mesmo, o timing para a subida dos juros, o que afetará o fluxo para mercados emergentes.

Além do CPI, pesou sobre a curva americana o leilão de US$ 24 bilhões em T-Bonds de 30 anos. A taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda pelos títulos, ficou abaixo da média recente. O retorno da T-Note de dez anos, referência para os juros locais, chegou a 1,43%, ante nível de 1,36% ontem.

Por aqui, os destaques foram a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e o parecer da reforma do IR, que favoreceram uma postura mais defensiva em juros na medida em que podem ter impacto negativo sobre a inflação e a área fiscal. O volume de serviços em maio subiu 1,2% ante abril, acima da mediana das estimativas (+1,0%) e com revisão em alta no dado de abril ante março de 0,7% para 1,3%. Foi o melhor resultado na margem desde 2011 e o setor já opera 0,2% acima dos níveis pré-pandemia.

Na reforma do IR, as alterações propostas no parecer indicam redução de carga tributária em R$ 30 bilhões, com compensação bancada, segundo o relator, pelo ganho de arrecadação gerado pela recuperação da economia e crescimento maior do PIB, além da economia vinda dos supersalários e redução de incentivos fiscais. Sabino disse que teve o apoio do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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