Os juros futuros fecharam o dia em alta nos vencimentos de médio e longo prazos e estáveis na ponta curta, em uma sessão marcada pela volatilidade. A despeito do cenário externo favorável, queda da mediana de IPCA 2022 na pesquisa Focus e recuo do dólar abaixo dos R$ 5,20 novamente, os investidores adotaram cautela no fim do dia, movimento que coincidiu com declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, em evento promovido pelo Banco Santander. No exterior, os juros dos Treasuries também voltaram a acelerar a alta no fim da tarde.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 5,815%, de 5,843% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,307% para 7,32%. A taxa do DI para janeiro de 2025 passou de 8,31% para 8,37% e a do DI para janeiro de 2027, de 8,707% para 8,77%.
Pela manhã, a curva operou com ganho de inclinação, com queda das taxas curtas e viés de alta nas longas, dada a reação à mediana do IPCA 2022 na Focus, manutenção das preocupações com o cenário político e avanço do rendimento dos Treasuries. No meio da tarde, quando o dólar foi para baixo de R$ 5,20, as taxas passaram a cair e a renovar mínimas para, mais tarde, já perto do fechamento voltarem a piorar.
O movimento se deu durante as declarações do diretor do Banco Central, embora os players não tenham identificado claramente um conteúdo que justificasse aumento da inclinação da curva. Serra enfatizou que a instituição está lutando para mostrar que está comprometida com o centro da meta de inflação para 2022 e que “qualquer desancoragem das projeções preocupa”. Afirmou ainda que o BC não vê uma medida que seja indiscutível sobre o hiato do mercado de trabalho e considerou isso um “problema grande”. Para o diretor, existe ainda uma dúvida enorme sobre a velocidade em que hiato do trabalho se fechará ao longo do tempo.
Ele destacou, ainda, que o balanço de riscos para a inflação continua assimétrico para cima, por causa do risco fiscal. “O fiscal ainda é uma espada, um risco muito grande no cenário básico. A pressão fiscal é grave e uma preocupação para a trajetória futura de inflação”, enfatizou.
Um gestor de renda fixa destaca que viu o discurso mais neutro. “Se ele fosse hawk era para o dólar ceder, como aconteceu, mas a curva tinha de desinclinar, o que não aconteceu. Difícil explicar.”
No exterior, os juros dos Treasuries subiram, com o mercado na expectativa da divulgação do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, amanhã, e impulsionados também por leilões realizados pelo Departamento do Tesouro que registraram demanda abaixo da média recente.
Internamente, o recuo na mediana para o IPCA 2022, na Focus, que passou de 3,77% para 3,75% é visto como boa notícia. “Apesar de ter sido apenas 2 pontos-base, estamos passando por um processo de reversão nas projeções e esperamos que chegue em 3,50%, nossa projeção para o ano que vem”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Por Denise Abarca
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