Mercados

Com Fed e vendas do varejo, Bolsa fecha em alta de 1,5%

Apesar do dólar ainda pressionado – a R$ 5,28 na máxima desta quarta-feira, 7, acomodando-se no fechamento aos R$ 5,24 -, os investidores retomaram hoje as compras de ações na B3, levando o Ibovespa a convergir para os 127 mil pontos, após ter iniciado a sessão colado aos 125 mil pontos – marca que chegou a ser perdida no pior momento do dia anterior. O índice de referência passou a renovar máximas acima de 1% ainda no começo da tarde, antes da divulgação da ata do Federal Reserve, momento a partir do qual o Ibovespa voltou a acentuar ganhos, atingindo no pico desta quarta-feira os 127.248,96 pontos (+1,72%), vindo de mínima a 125.093,56, com abertura a 125.096,34 pontos.

Ao fim, o índice mostrava ganho de 1,54%, aos 127.018,71 pontos, com giro financeiro a R$ 29,1 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o índice de ações cede 0,47%, colocando os ganhos do mês a 0,17% e os do ano a 6,72%.

Hoje, desde a manhã, os investidores mostraram algum apetite, favorecido por leitura positiva, ainda que abaixo do esperado, para as vendas do varejo em maio e por tom ameno na participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência em comissão da Câmara dos Deputados. “As declarações de hoje do Guedes com relação à reforma tributária, mais moderadas e parecendo uma revisão do que havia defendido, sobre aumento de carga, ajudaram desde mais cedo. O que se teve hoje é volatilidade: nos últimos dias, o Ibovespa vinha caindo com os ruídos políticos, e hoje, (teve) uma retomada do interesse por compras, também pontual”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

“Para o mercado, o início da discussão sobre esta nova fase da reforma tributária não havia caído bem e, hoje, na Câmara, Guedes mostrou disposição para negociar, para fazer algum tipo de concessão. Os dados do varejo também ajudaram, reforçando a perspectiva para o segundo semestre. Assim, depois de uma realização forte, os investidores voltam a tomar posição, na compra, especialmente em papéis associados ao varejo. É o que vimos hoje”, diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, escritório ligado ao BTG.

Ele destaca também a leitura favorável feita pelo mercado, aqui e fora, sobre a ata do Fed, divulgada no meio da tarde, momento em que o Ibovespa foi buscar novas máximas para o dia. “Apesar do tom já um pouco mais ‘hawkish’ de parte dos integrantes do Fomc (o comitê de política monetária do Fed), houve a percepção de que o Federal Reserve ainda vê a inflação como fenômeno transitório”, diz o analista.

“A ata do Fed sinalizou que a economia está se recuperando, mas de forma muito heterogênea entre as nações e entre os setores da economia”, observa Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos. “As projeções para inflação e emprego ainda estão longe das metas que eles ancoraram, mas as condições financeiras estão melhorando. Então, estão mirando uma inflação mais alta do que de costume, um pouco acima de 2% ao ano, e estão reforçando que esta inflação é temporária”, acrescenta.

No Brasil, “os dados de venda do varejo foram positivos, embora abaixo do esperado para maio, e o desempenho do varejo colocou as ações de Magalu entre os destaques da manhã, além de CSN e Localiza”, diz Braulio Langer, analista da Toro Investimentos, acrescentando ser “natural a recuperação do Ibovespa após as perdas recentes”. No fechamento, Magazine Luiza mostrava ganho de 4,46%, quinta maior alta da sessão entre as componentes do Ibovespa, atrás de Locamérica (+5,46%), Localiza (+5,42%), Raia Drogasil (+5,07%) e Rumo (+4,70%). No lado oposto, PetroRio (-1,98%), CVC (-0,95%) e Pão de Açúcar (-0,40%).

Se, ontem, as perdas se mostraram bem distribuídas por empresas e setores, com apenas três ações em alta no fechamento da terça-feira, a recuperação de hoje também se deu em base ampla, alcançando também os segmentos de maior peso no índice, como commodities (Petrobras PN +1,37%, Vale ON +0,29%), siderurgia (CSN ON +3,45%, Usiminas +1,49%) e bancos (Itaú PN +1,40%, BB ON +1,34%).

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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