A Suzano Papel e Celulose emitiu o primeiro título de dívida (bonds) da América Latina com compromisso de inclusão/diversidade. Foram US$ 1 bilhão em Sustainability Linked Bonds (SLB) de 10 anos, pagando ao investidor retorno de 3,28%, correspondente a um prêmio de 180 pontos-base acima do título do Tesouro norte-americano de mesma base. “Foi o menor prêmio já pago nos bonds emitidos para esse prazo pela companhia”, disse o diretor de Finanças Corporativas da companhia, Julio Ramundo, ao Broadcast, .
De acordo com Ramundo, a definição da meta de inclusão e diversidade como referência para o bond atendeu a demanda de investidores, que têm demonstrado interesse no tema. A Suzano se comprometeu em elevar, dos atuais 19%, para um mínimo de 30% os cargos de liderança ocupados por mulheres até dezembro de 2025. “Compromisso de diversidade e inclusão foi levantada nos calls com investidores que tivemos quando estávamos estruturando a operação”, contou. Essa meta pode incluir a chegada de uma mulher ao cargo de CEO, embora esta não seja uma obrigação prevista no bond.
Além disso, a Suzano se comprometeu a reduzir o uso de água em 12,4% de toda a sua produção até 2026, tomando por base o uso de 2018. De acordo com Ramundo, será comparado o consumo de água por metro cúbico em relação a tonelada de papel produzida em média entre 2025 e 2026, com a média de consumo de 2018. “Chegaremos à redução por meio de investimentos que estamos fazendo em eficiência”, afirma.
O juro pago anualmente ao investidor poderá subir em 12,5 pontos-base, caso ambos compromissos não sejam cumprimos.
Ramundo chama atenção ainda que dada a qualidade dos investidores interessados, a Suzano decidiu elevar de US$ 750 milhões para US$ 1 bilhão o total emitido. “Alocamos 62% dos bonds entre fundos e investidores dedicados ao tema ESG, foi a maior alocação proporcional da empresa, inclusive em relação à primeira emissão de bonds SLB, de 53%”, citou. A Suzano registrou mais de US$ 3,5 bilhões de interessados nos livros de ordens da emissão.
Com a emissão desta segunda-feira (28), o total de bonds SLB da Suzano é de US$ 2,250 bilhões. Além da emissão desta segunda-feira, a Suzano captou US$ 750 milhões no primeiro bond ESG, que foi a primeira no mundo em seu setor, em setembro do ano passado. A empresa reabriu em novembro essa operação, levantando mais US$ 500 milhões.
“Hoje 37% de nossa dívida é ESG, contra 9% em 2019, mostrando que o compromisso com a sustentabilidade da Suzano integrada também na função financeira da empresa”, observou. Vale lembrar que as metas prevista neste último bond são parte de um arcabouço de compromissos ESG que a Suzano assumiu no ano passado, entre as quais está a redução de 15% dos gases de efeito estufa, previsto no primeiro SLB da companhia.
O executivo mencionou ainda que os bonds ficaram 13 pontos-base “mais baratos” do que ao preço que são negociados outros bonds da companhia de mesmo vencimento e que não são SLB. Ele lembra que em novembro do ano passado, quando a Suzano emitiu mais US$ 500 milhões com a reabertura de sua primeira emissão de SLB, o prêmio oferecido aos investidores foi de 220 pontos-base acima do Treasury. Mas como o juro norte-americano estava mais baixo, o retorno total ao investidor ficou em 3,1%.
Os recursos serão usados para pré pagar um bond emitido pela Fibria, com vencimento em 2025, no que serão usados US$ 400 milhões dos recursos captados. Também a Suzano vai pré pagar linhas de exportação. “Com isso, o custo médio da dívida da Suzano cai de 4,5% ao ano para 4,4% e o prazo médio da curva de 90 meses para 95 meses”, explica Ramundo.
Por Cynthia Decloedt
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