Mercados

Ibovespa tenta se recuperar, apesar da cautela com tributação e risco político

Investidores da B3 começam a segunda-feira buscando recuperar parte da queda registrada na sexta-feira, mas ainda tentando digerir a proposta do governo de tributar lucros e dividendos e pôr fim ao Juro sobre Capital Próprio (JCP), divulgada na sexta-feira. Na ocasião, o índice reagiu mal, testou os 126 mil pontos, mas fechou aos 127.255,61 pontos, em queda de 1,74%. No entanto, a expectativa de divulgação do Caged, talvez hoje, com números fortes de emprego e o avanço da vacinação contra a covid-19 no País seguem como vetores positivos. No domingo, o Brasil teve o menor registro de mortes por cornavírus em 24 horas desde fevereiro.

A cautela externa também contribui para ganho moderado do Ibovespa que subia 0,24%, aos 127.545,95 pontos, às 10h55, após atingir a máxima intradia aos 128.066,87 pontos.

“Está tentando corrigir os exageros da sexta-feira, após o anúncio da segunda fase da reforma tributária“, observa um operador, pontuando, contudo, que não há razões para fortes altas do Ibovespa, mas sim volatilidade, dado que a agenda da semana está cheia de dados importantes.

Em Nova York, as bolsas tinham instabilidade, com Dow Jones cedendo 0,36%; S&P 500 subindo 0,03%; e Nasdaq em alta de 0,67%.

A despeito de a CPI da Covid ainda não ter influenciado os negócios, novos desdobramentos devem ser acompanhados mais de perto, alerta o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em relatório. “A proposta de reforma do IR caiu mal nos mercados, com a leitura que penaliza empresas e investidores, ao taxar dividendos e eliminar o JCP, enquanto reduz o IRPJ menos que proporcionalmente”, avalia.

O depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) na CPI da Covid vai levar o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a apresentar hoje, uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro na Procuradoria-Geral da República (PGR), por crime de prevaricação. Miranda (DEM-DF) disse que Bolsonaro atribuiu ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), a responsabilidade por eventuais irregularidades no processo de compra da vacina Covaxin. Barros nega envolvimento.

A agenda semanal de indicadores, que começa a ganhar tração na quarta-feira, não está carregada somente aqui, mas também lá fora. Neste dia, o destaque no Brasil será a taxa de desemprego do trimestre até abril e, nos EUA, o dado de emprego do setor privado de junho. Porém, a grande expectativa é o relatório oficial de emprego do governo americano, que será informado na sexta-feira.

A semana será importante para se ter uma nova diretriz da atividade econômica americana com a divulgação do payroll, destaca o economista Alexandre Almeida, da CM Capital. Ele lembra que a resposta da atividade aquém da esperada enquanto a inflação bate em níveis preocupantes tem gerado esse ambiente de discussão e de propensão a juros mais altos nos Estados Unidos. Cita como exemplo recente os pedidos de auxílio-desemprego, que vieram acima do esperado, informados na semana passada.

“A pergunta que se faz é se quando for divulgado o próximo gráfico de pontos do Fed (Federal Reserve), banco central dos EUA, haverá mais membros vendo antecipação da alta de juros e início da retirada de estímulos”, afirma, completando que esse debate tem provocado volatilidade aos mercados.

A preocupação com a dinâmica inflacionária também deve ficar no radar do investidor local, principalmente na expectativa de algum direcionamento pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Ele participa de seminário às 15 horas. Na sexta-feira à noite, o dirigente do BC afirmou que lançará mão de todas as armas disponíveis para domar a inflação porque de seu controle depende a estabilidade do crescimento da economia. Às 9h41, o Ibovespa futuro cedia 0,33%, aos 127.675 pontos.

Entre as maiores altas do Ibovespa estavam ações ligadas ao consumo, caso de Locaweb ON (4,79%) e CVC ON (4,30%). Já as blue chips Vale ON (-0,77%) e Petrobras PN (-0,79%) e ON (-0,99%) cediam e limitavam os ganhos.

Em tempo: no último dia 24, o fluxo de estrangeiro na B3 foi positivo em R$ R$ 1,226 bilhão.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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