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‘A gente tem como mostrar a verdade’, afirma o deputado Luis Miranda

Após depor por 7 horas e meia na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) diz ter cumprido sua missão e estar tranquilo sobre a possibilidade de ser acusado de mentiroso pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. “Não estamos mentindo e não tem por que mentir, mas se forçar demais a gente certamente tem como mostrar a verdade e de um jeito que vai ficar muito ruim para o presidente. Ele sabe a verdade”, disse Miranda ao Broadcast/Estadão. A seguir, trechos de sua entrevista.

Como o sr. poderá sustentar sua narrativa se o presidente disser que o sr. está mentindo sobre a conversa no dia 20 de março? Se ele falar isso, eu provo o contrário. O sr. gravou a conversa?

Eu não gravaria um presidente, mas eu não estava sozinho (o irmão Luis Ricardo também participou do encontro). Não estamos mentindo e não tem por que mentir, mas se forçar demais a gente certamente tem como mostrar a verdade e de um jeito que vai ficar muito ruim para o presidente. Ele sabe a verdade. Ele tem de cuidar agora é do caso e não das pessoas que tentaram ajudá-lo.

O que fez o sr. decidir dizer o nome do deputado Ricardo Barros na pergunta da senadora Simone Tebet, após tanta insistência?

Já estava todo mundo falando o nome dele e pensei que sairia de lá parecendo que estava escondendo o nome. Então, pensei que seria melhor falar logo.
Mas o sr. falar tem outro peso do que deixar subentendido, ele pode, por exemplo, acusar o sr. de denunciação caluniosa.

Mas é claro que eu tenho como comprovar o que eu falei. Então, tem mais coisas pra vir à tona?

Não, o caso é só isso que eu sei. O caso se baseia em um muito de papel que a gente tinha e levamos ao presidente. Acabou. De lá pra cá, só esperávamos que ele tivesse agido de um jeito respeitoso conosco.

O que é o dossiê que o sr. entregou para o Onyx?

Esquemas da saúde, empresas que sempre ganham contratos com preço mais caro, usando manobras, com diferenças que deixam claro que tem alguém que administra isso dentro do Ministério da Saúde.

O que o sr. e seu irmão pretendem fazer agora?

Cumprimos nossa missão e não há mais nada para fazer. Entregamos as informações. Talvez eu grave um vídeo para as redes para contar a timeline do que aconteceu.

Pra que gravar vídeo agora?

Tem muita gente que não entendeu, que acha que estamos atacando o presidente, tem gente dizendo que eu não presto e que eu presto, ressuscitando fake news, está acontecendo de tudo na minha vida.

Quais foram as mensagens que o sr. recebeu dos seus colegas parlamentares?

Recebi alguns ataques de algumas pessoas de quem eu não esperava. São meio apaixonadas por Bolsonaro, escreveram coisas horríveis sobre mim. Tem deputado correndo o risco de ir ao Conselho de Ética, porque são palavras fortes e agressivas.

Mas recebeu apoio também?

Várias pessoas falaram para eu seguir firme, dizendo que sabiam que estava falando a verdade. Achei engraçado porque um falou: Até a mentira a gente sabe quando ela tem um limite e ali não tinha como o senhor inventar um absurdo daquele. Teve quem dissesse que aguarda o desenrolar do caso para, se for comprovado, desembarcar do barco do Bolsonaro. Não teremos como continuar. Ouvi do Centrão e de bolsonaristas.

O sr. teme pela sua segurança e da sua família agora?

No momento sim. Está tudo muito polarizado. Acho que por pelo menos uma semana, 15 dias, tem de ter segurança.

O sr. teme ser boicotado dentro da Câmara?

Já estou sendo. A relatoria da (reforma) tributária, que era minha, ontem já foi passada para outra pessoa.

O sr. disse que enviou mensagem sobre o caso ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e ele disse para o sr. denunciar. Falou mais com ele após a denúncia?

Não.

Como avalia a atuação dos governistas na CPI ontem?

Meio desesperados. Preciso descobrir o que tem nessa história. Acho que pode aparecer uma cartinha na manga de algum lugar para comprovar que alguém muito poderoso na base do governo… Nem acho que é o presidente. Pra mim, ele só tem receio de que exploda um escândalo de corrupção no governo dele. Ele deve tentar fazer uma investigação paralela, sigilosa, para não perder essa bandeira de governo sem corrupção.

Por que o sr. sempre faz questão de fazer uma defesa do presidente Bolsonaro?

Já fui acusado de coisas que não fiz e tenho medo de fazer com outros. Sei o que sofri.

O sr. acha que o presidente não se beneficia desses esquemas que o sr. denunciou?

Se ele acobertou, cometeu crime, não tem mais como defender ele. Precisa saber se Bolsonaro passou para frente e se esse alguém prevaricou. Meu medo é esse, ele ter confiado a um terceiro e ele não quer explodir esse terceiro neste momento.

Quem seria esse terceiro?

Não sei, mas ele diz que passou a alguém – e tem todos os indícios disso porque alteraram a invoice (nota fiscal). Quem alterou estava consciente de que estava sendo cobrado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Camila Turtelli

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Estadão Conteúdo

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