A Neogrid (NGRD3), empresa de tecnologia que fornece soluções de abastecimento de produtos, prevê melhorar sua margem bruta, atualmente na casa de 68%, para até 70%, após a migração de softwares para a nuvem, um processo que está “99% concluído”, afirma o head de Relações com Investidores da companhia, Thomas Black, em entrevista ao Mercado News.
Tal prognóstico reforça a perspectiva positiva para a Neogrid, que no primeiro trimestre deste ano lucrou R$ 6,3 milhões, um aumento de 117,5% ante mesmo período em 2020. Além da expansão orgânica, a empresa tem um plano de crescer via de fusões e aquisições (M&A), com vários alvos mapeados e negociações em andamento. “As empresas que temos negociação têm um perfil em tamanho de receita, majoritariamente na casa de R$ 5 a R$ 30 milhões anuais de receita recorrente”, conta Black.
A Neogrid, que em dezembro de 2020 levantou R$ 486,5 milhões em seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) na B3, auxilia a conectar o varejista, o distribuidor e o fabricante, e possui, atualmente, mais de 7.000 clientes, entre eles Adidas, Sony e Bauducco. O foco agora é o segmento supermercadista. Em paralelo, a companhia busca parcerias para monetizar o volume de dados de seu negócio e, recentemente, se uniu à Fast Channel para lançar uma plataforma de e-commerce.
A seguir, leia a entrevista completa:
O que a Neogrid faz?
A Neogrid é uma companhia que abriu o capital, recentemente, na Bolsa, cerca de 6 meses atrás, com 22 anos de atividade, que atua no segmento de SaaS, software as a service (software como um serviço), com dados e tecnologia, e ofertando soluções para endereçar os desafios que estão presentes na gestão da cadeia de suprimentos para as empresas. Temos soluções que auxiliam e conectam os elos da cadeia supply chain. São eles: o varejista, o distribuidor e o fabricante. Aplicamos a tecnologia para otimizar, sincronizar e até automatizar a gestão da cadeia de suprimentos dos nossos clientes. Temos hoje cadeias de clientes operando com as soluções da Neogrid em mais de 140 países, com escritórios em 3 países e com mais de 7.000 clientes. E contamos desde clientes de grande porte até clientes menores que são elos integrantes dessa cadeia.
Com as nossas soluções, os nossos clientes recebem informações e ações estratégicas para que os produtos estejam sempre no local correto, no tempo correto e na quantidade correta. Assim, ajudamos os clientes a evitarem a perda de receita com ruptura de produtos, e a partir de um nível ótimo de estoque, libera fluxo de caixa para eles financiarem as operações.
Qual o objetivo principal da empresa após os resultados positivos do primeiro trimestre?
A gente já conseguiu colher alguns resultados bem interessantes no primeiro trimestre. Quando fomos para o mercado com a nossa tese de IPO, apresentamos nosso modelo de negócios e nossa estratégia de crescimento, que é crescer de forma orgânica e inorgânica.
Temos uma companhia muito escalável, resiliente e sempre lucrativa. Escalável porque conseguimos implantar nossos produtos de forma rápida e fazer um onboarding (integração) muito interessante – e ainda tem uma fatia de mercado muito interessante para atacar. E muito resiliente porque o nosso modelo é de subscription (assinatura), então tem muita recorrência. O mínimo de recorrência da nossa receita é de cerca de 95% (97% no primeiro trimestre). É um negócio muito previsível, mantemos nossos clientes por muito tempo conosco. Eles percebem muito valor agregado em usar nossas soluções em integração, ativação de demanda e reposição.
Temos uma força comercial muito focada em conquistar novos clientes. E também um viés de expansão global, novos mercados para endereçar. Somos muito fortes no mercado varejista de consumer package goods (bens de consumo de movimento rápido), ou supermercados. Temos muita aderência de nossas soluções em segmentos como: agro, pet, farma, fashion, eletroeletrônicos e casa e construção. Inclusive temos alguns avanços em novos clientes nessas áreas também, fazendo sempre o que fazemos de melhor: atuar na gestão de supply chain dos elos dessas cadeias de suprimentos.
Por fim, temos uma atividade inorgânica que é nossa estratégia de M&A. Nas aquisições temos hoje vários targets mapeados e várias negociações em andamento. Inclusive entregamos uma em março deste ano: concluímos a aquisição da Smarket. Um total de 80% dos recursos líquidos do IPO são destinados a financiar essa estratégia, utilizar os fundos para fazer aquisição de companhias. Procuramos companhias que têm uma complementaridade muito grande em relação às operações da Neogrid. Então a Smarket é um exemplo, ela atua com soluções para gestão das promoções entre a Smarket e o varejo. Algo muito complementar às soluções que a gente oferece também para o varejo e esse ecossistema de varejo e indústria.
Buscamos companhias com esse perfil, justamente porque ao estar integradas no sistema Neogrid após a aquisição, conseguimos ofertar um cenário para que elas cresçam, de forma muito mais robusta do que elas faziam anteriormente. Justamente porque são soluções complementares que conseguimos colocar a nossa tecnologia e, principalmente, a nossa força de venda, para auxiliar a companhia adquirida a crescer muito mais, em uma taxa muito mais acelerada.
Uma das frentes da nossa estratégia de M&A é justamente essa complementaridade de portfólio. Outra frente é a de consolidação de mercado. Existem poucos concorrentes hoje para a Neogrid, mas de forma segregada em cada uma das soluções existem alguns nomes, e estamos em conversa com algumas empresas. E também tem outra frente de M&A, que buscamos empresas com novas tecnologias, ou com capital humano, ou alguma outra inovação relevante que possa ser importante para o desenvolvimento do nosso portfólio de maneira geral.
Ainda em relação aos números do primeiro trimestre, a empresa citou alta de custos em razão do processo de migração de softwares para a nuvem. Isso foi concluído? Podemos esperar custos menores nos próximos trimestres?
Sim, está basicamente concluído. Vamos chamar de 99% concluído, porque o processo de migração já está praticamente pronto. Onde esperamos ter economia de custos daqui para a frente é justamente no desligamento de alguns sistemas que funcionavam anteriormente e que após a migração não são mais necessários. Então é aí que a gente espera capturar a economia de custos e ganhar talvez aí alguns pontos de margem. Hoje a nossa margem bruta fica na casa dos 68%. Acreditamos que possa ter um ganho de eficiência com essa redução de custos e chegar a 70% de margem, que é uma métrica que a gente teve no passado e a gente pode fazer um caminho de voltar para esse patamar de lucratividade bruta.
Quais os diferenciais competitivos da companhia no setor?
Acredito que o principal diferencial de Neogrid é ter criado um network de empresas conectadas que permite a existência desse ecossistema de empresas conectadas. Como recebemos dados e a gente integra a companhia de vários elos da cadeia, temos então um data lake [sistema de dados armazenados] enorme, por meio do qual conseguimos sincronizar as operações dos nossos clientes. Então esse é o grande diferencial, porque quando falamos de concorrentes que atuam de forma segmentada em uma ou outra solução que a Neogrid oferece, mas não no kit completo, são empresas que atuam em um sistema muito menor em uma pequena bolha. A Neogrid tem uma visão abrangente do ecossistema de supply chain, então a gente consegue de fato trazer essa integração e aplicando tecnologia. Trazer mais inteligência a partir dos dados que a gente captura para transformar isso em soluções estratégicas para os nossos clientes.
Qual a projeção para o mercado de cadeia de suprimentos?
É um mercado muito vasto. Vemos que no Brasil ainda tem diversos setores e diversos portes de empresas que estão evoluindo em um nível de maturidade de seus processos e que podem verificar um maior valor em termos de solução de sincronia como a gente oferece. Então vemos isso como positivo. Aumenta o potencial de clientes que podemos ter. E como expliquei em um dos pilares da nossa estratégia de crescimento orgânico, não nos limitamos em um mercado, temos outros segmentos que conseguimos encontrar uma expansão. Então, não só o mercado de supply chain, mas o quanto as empresas estão entendendo a importância da tecnologia e da integração em seus negócios. É algo que é de fato transformacional para esse mercado. E a Neogrid está muito bem posicionada para ser o player de tecnologia dessa frente.
Após a recente parceria com a Fast Channel, pretendem lançar mais alguma plataforma?
Temos algumas parcerias em andamento e alguns produtos em desenvolvimento que são por meio de parcerias. Hoje, com a nossa atividade principal, temos um ecossistema de tráfego de dados que é imenso. Temos mais de 100 mil empresas compartilhando dados no nosso network, e isso faz com que a gente tenha um data lake muito rico. E investimos bastante em tecnologia para que esses dados sejam bastante harmônicos, à medida que por meio de parcerias ou até eventualmente aquisições, e também por desenvolvimento interno, tenhamos produtos que consigam utilizar esses dados para entregar algo disruptivo. E podemos ou desenvolver isso dentro de casa ou ser o parceiro de tecnologia para que seja ofertado outra solução no mercado e assim a gente monetiza os nossos dados.
Por isso que investimos tão pesado em tecnologia. O investimento é direcionado tanto para a melhora de nossas ofertas e ter um portfólio bastante robusto e completo, mas também proporcionar oportunidades de mercado como a monetização de dados que para nós é muito interessante porque as receitas obtidas com essa atividade possuem custo marginal, uma vez que para eu conseguir viabilizar essa solução o que eu faço é o que eu já faço tradicionalmente de investimento e tecnologia para ter um data lake robusto.
Temos sim algumas conversas com parceiros em algumas soluções que diferem do core business da Neogrid, mas onde a Neogrid é o parceiro de tecnologia e dados e outras que estão sendo desenvolvidas dentro de casa que são basicamente novas features para soluções que temos hoje dentro do portfólio.
A empresa recentemente comprou a Smarket, há a intenção de futuras aquisições de startups?
As empresas que temos negociação têm um perfil em tamanho de receita, majoritariamente na casa de R$ 5 a R$ 30 milhões anuais de receita recorrente. Há algumas que têm um perfil mais startup e outras com um pouco mais de tempo e tradicional, mas são empresas que estão majoritariamente ou em um estágio inicial, com uma tecnologia muito diferenciada, ou em um estágio de alto crescimento, como produto novo. Tem sim esse perfil entre os targets que temos olhado, e tem outras que podem ser negócios maiores ou tradicionais.
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