Mercados

Dólar fecha pela primeira vez abaixo de R$ 5,00 desde junho de 2020

O dólar firmou queda ante o real nos negócios da tarde, testando os menores níveis em um ano, na casa dos R$ 4,96. Foi a primeira vez que a moeda americana encerrou um pregão abaixo de R$ 5,00 desde 10 de junho de 2020, quando terminou em R$ 4,93.

No fechamento, o dólar terminou a terça-feira em baixa de 1,13%, cotado em R$ 4,9661. No mercado futuro, o dólar para julho, que vence no próximo dia 1º, cedia 0,89%, a R$ 4,9730 às 17h33.

Uma confluência de fatores externos e internos ajudaram a retirar pressão do câmbio. Internamente, a sinalização na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o ritmo de elevação da Selic já poderia ter se intensificado na reunião da semana passada levou instituições – como o Itaú, o Bank of America e o ASA Investments – a aumentarem a aposta de juros mais altos pela frente no Brasil, o que torna o País mais atrativos para o capital externo.

Lá fora, a moeda norte-americana intensificou à tarde o ritmo de queda ante moedas fortes e alguns emergentes, com os juros longos também passando a recuar. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em depoimento no Congresso descartou alta de juros “preventiva” e afirmou que os fatores que pressionam a inflação perderão fôlego e o quadro deve se normalizar, sinalizando que não há pressa para elevar os juros.

Operadores observaram ingresso de capital no Brasil e vendas da moeda antecipando fluxo futuro, em meio a captações de empresas e busca de retorno por investidores. A XP deve fechar sua primeira emissão externa de títulos de dívida na quinta-feira, 24. O Banco Inter precifica sua oferta de ações, que pode bater em R$ 5,5 bilhões, também na quinta, enquanto a EcoRodovias define na tarde desta terça sua captação na B3, que pode chegar a R$ 2,2 bilhões. Estrangeiros tendem a participar com 30% a 40% destes montantes.

A analista de moedas do alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, ressalta que o real vêm sendo a moeda de emergente com melhor desempenho recente no mercado internacional, conseguindo se beneficiar da abordagem mais dura do Banco Central na elevação de juros. E nesta terça não foi diferente, com a ata reforçando a aposta de mais altas pela frente. Após a divulgação do documento, o Bank of America elevou a projeção da Selic de 6,5% para 7,0% para o fim de 2021. O banco americano espera duas elevações da taxa em 1 ponto porcentual, em agosto e setembro.

Nos negócios da manhã, havia um clima de maior cautela nos mercados internacionais e o DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, subia, superando o nível de 92 pontos, nas máximas em algumas semanas ou meses ante moedas como o dólar canadense, ressalta o analista sênior de mercados do Western Union, Joe Manimbo. O bitcoin chegou a despencar 12% e os juros longos americanos tiveram altas. À tarde, este movimento se inverteu, o bitcoin passou a subir e os juros longos começaram a recuar, o que abriu espaço para o dólar cair abaixo de R$ 5,00.

Por Altamiro Silva Junior

Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.

Estadão Conteúdo

Recent Posts

País pode virar referência em pagamentos internacionais com uso de cripto, dizem especialistas

O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…

16 horas ago

Deputado do agro quer comissão externa para ‘colocar dedo na ferida’ do Carrefour

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…

17 horas ago

Federação de Hotéis e Restaurantes de SP organiza boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…

1 dia ago

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

1 dia ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

2 dias ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

2 dias ago