Mercados

Taxas de juros voltam a subir com aumento da aversão ao risco no exterior

Os sinais vindos do exterior atuaram com força na curva de juros, que devolveu toda a queda de inclinação produzida pelo comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), mas fechou a semana num nível pouco menor do que na sexta-feira passada. As taxas curtas fecharam perto da estabilidade e as longas, com alta de mais de 20 pontos-base, refletindo o aumento da aversão ao risco que também penalizou moedas de economias emergentes, incluindo o real.

A mensagem “hawkish” do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira foi reforçada nesta sexta-feira pelo presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, que disse esperar aperto de juro no fim de 2022, ampliando receios de redução de fluxos para o Brasil.

Além disso, sinais mais conservadores dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos em relação à política monetária, somados às commodities em baixa e real mais valorizado nos últimos meses, deram a senha para desmonte de grandes posições compradas em inflação e vendidas em inclinação, o que explica o estrago na curva de juros nos últimos dias.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,62%, de 5,601% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 7,23%, de 7,158%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,35%, de 8,145% na quinta, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 8,563% para 8,82%.

As taxas passaram praticamente a tarde toda renovando máximas em sequência, ainda sensíveis ao recado do Copom de que, se as expectativas de inflação continuarem se deteriorando, pode haver um aperto mais forte na Selic.

Isso deveria manter o processo de desinclinação da curva, mas o ambiente internacional jogou contra. “Começou com o Fed na quarta-feira, o Copom mais ‘hawkish’ na quinta e hoje mercados fortemente afetados pela fala do Bullard”, disse Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.

Um chefe de Tesouraria relata que o dia foi marcado também pelos ‘stops’ (zeragens) de posições em vários pontos da curva montadas depois do leilão de prefixados e do Copom. “O mercado se alavancou em venda de inclinação”, disse.

Além disso, a postura do Copom e indícios de perda de fôlego nas commodities, sobretudo agrícolas, são vistos como ferramentas de controle inflacionário, somando-se ainda o bom comportamento do real, apesar da crise hídrica no radar. Esses fatores têm pesado nos chamados “trades de inflação”.

No Brasil, a deterioração das expectativas para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vinha pressionando para cima a inflação implícita ao estimular da demanda pelas NTN-B, e agora essa aposta pode arrefecer.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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