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Taxas curtas de juros zeram alta após anúncio de redução de preço da gasolina

Os juros de curto prazo fecharam estáveis e os demais, em alta. Após passar a manhã pressionada para cima, a ponta curta zerou o avanço à tarde, refletindo ajustes à escalada dos últimos dias, tendo como gatilho o anúncio da Petrobras de redução no preço da gasolina. Os vértices intermediários e longos foram afetados pelo aumento do dólar e do rendimento dos Treasuries. Na sequência das surpresas com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e varejo, a pesquisa de serviços, que trouxe volume em abril acima da mediana das estimativas, reforçou o debate sobre o impulso da atividade e consequências para a inflação e Selic, a poucos dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

O mercado mantém a aposta de aperto de 0,75 ponto porcentual na taxa básica na quarta-feira e de que sairá de cena o termo “parcial”, mas não se descarta que o colegiado tenha de acelerar o passo. Na semana, a curva fechou com pequeno ganho nos níveis de inclinação em relação à última sexta-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou a sessão regular em 5,29%, de 5,319% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 6,929% para 6,965%. A taxa do DI para janeiro de 2025 voltou a superar 8%, ao fechar em 8,05%, de 7,945% na quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 8,424% para 8,53%.

Enquanto os trechos médios e intermediários ficaram pressionados o dia todo pelo câmbio e Treasuries, a ponta curta teve maior dinâmica, ainda influenciada pelas dúvidas sobre os cenários de inflação e Selic, além de fatores técnicos. Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, lembra que os prêmios vinham muito inflados nos DIs curtos e em algum momento haveria acomodação.

O anúncio de redução nos preços da gasolina nas refinarias, no começo da tarde, deu argumento para estancar a escalada nas taxas vista pela manhã, ao favorecer redução na inflação de curto prazo. “Não será um impacto tão grande para os próximos meses, mas do jeito que está qualquer fator de alívio para os preços ajuda”, afirmou Vieira.

O preço do litro será reduzido em R$ 0,05 a partir deste sábado, o que representa queda de 2,0%. A medida pode aliviar o IPCA em 0,06 ponto porcentual, nos cálculos do economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano. O impacto de baixa ficaria entre junho e julho.

A primeira parte dos negócios foi marcada pelos números do setor de serviços, cujo volume em abril cresceu 0,7% ante março, bem acima da mediana das estimativas (0,35%). O dado soma-se aos do varejo e IPCA fortes da semana para fomentar o debate sobre o ciclo de aperto monetário. Cresceu a discussão sobre uma possível aceleração do ritmo pelo Copom para 1 ponto porcentual, mas as apostas de 0,75 ponto para esta e a próxima reunião seguem majoritárias.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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