Os juros fecharam em alta, descolados da melhora dos demais ativos locais, com o mercado realizando parte dos lucros acumulados nas últimas sessões, nas quais houve perda de inclinação na curva. Nesta segunda-feira, as taxas subiram mais acentuadamente a partir dos vencimentos de 2023, refletindo tais ajustes em meio a novas revisões altistas para inflação e PIB, receios com o cenário fiscal e leve avanço no rendimento dos Treasuries, tendo ainda pela frente uma semana de agenda carregada para os mercados.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 5,11%, de 5,056% no ajuste anterior, enquanto a do DI para janeiro de 2023 subiu de 6,643% para 6,715%. O DI para janeiro de 2025 terminou a sessão regular com taxa de 7,79%, de 7,705%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 8,244% para 8,32%.
O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, afirma que o mercado de juros vinha tentando uma realização de prêmios nas últimas sessões, mas o fluxo externo que derrubou o câmbio e incrementou os leilões do Tesouro acabou postergando uma correção, que veio nesta segunda-feira. “Vamos agora observar os dados da semana para ver como a curva se comporta”, afirmou. Na terça, sai a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e na quarta, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio.
Enquanto isso, o mercado segue revisando para cima as expectativas para a inflação e crescimento. A Pesquisa Focus mostrou salto na mediana para o IPCA em 2021, de 5,31% para 5,44%, ainda mais distante do teto da meta de inflação de 5,25%. Para 2022, a mediana atingiu 3,70%, de 3,68%. Nas contas do BTG Pactual, porém, a inflação do ano que vem vai a até 4% (ante 3,6% na previsão anterior).
“As perspectivas para a atividade econômica melhoram rapidamente e as expectativas de inflação aumentam sucessivamente. Somado a isso, os riscos advindos das tarifas de energia aumentaram devido aos baixos níveis dos reservatórios. Esses fatores devem elevar a inflação tanto em 2021 quanto em 2022”, cita relatório do banco. Na Focus, a mediana para o PIB avançou de 3,96% para 4,36%, mas o BTG já vê a economia crescendo 5,3% este ano, de 4,3% na estimativa anterior.
Tais revisões mais a crise hídrica no horizonte reforçam as discussões sobre até onde vai o ajuste da Selic e se será mesmo parcial. Segundo Serrano, a curva projeta quase 100% de chance de aumento da Selic em 0,75 ponto porcentual no Copom da semana que vem, com possibilidade marginal de aumento de 1 ponto.
As máximas do dia foram alcançadas no começo da tarde, com o recrudescimento dos receios fiscais, relacionados ao programas assistenciais do governo, que, segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), deve prorrogar o pagamento de auxílio emergencial por mais dois meses.
A ideia não agrada ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que havia rechaçado o pagamento para além das parcelas já previstas e defendeu a aprovação pelo Parlamento de um novo programa social, que substituirá o Bolsa Família. Há um temor no mercado de que, dada a proximidade do período eleitoral, o governo lance um programa de valor maior.
Por Denise Abarca
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